Muitos candidatos a uma vaga na carreira pública não têm clareza sobre qual concurso prestar. Na verdade, possuem a crença de que, quanto mais concursos fizerem, maiores serão as suas chances de aprovação. Este é um dos enganos mais comuns entre os concurseiros. O resultado é bem conhecido: o candidato passa anos se preparando para "qualquer concurso", sem jamais alcançar o seu objetivo. Ora, o candidato se prepara para o concurso A, ora para o B, mas se ele passar no C ele já estará feliz...

O que impede esses candidatos de se estabelecerem como reais postulantes a uma vaga é o fato de não formularem sua principal meta com a seriedade que esta fase da aprovação necessita. Na maioria das vezes, isso acontece por quatro motivos:

- Porque o candidato acredita que não precisa estabelecer uma meta para alcançar o sucesso;
- O candidato tem medo da frustração em não alcançar a meta;
- O candidato tem medo da rejeição dos outros após um eventual fracasso; e
- O candidato não sabe como formular uma meta.

Para exemplificar o efeito devastador de não estabelecer metas claras, voltemos ao famoso exemplo do livro WhatTheyDon'tTeachYouat Harvard Business School (O que não te ensinam na Escola de Administração de Harvard), de Mark MacComark. Em 1979, ao perguntar aos formandos do curso de MBA de Harvard se esses estudantes escreviam metas claramente para o seu futuro e se faziam planos para concretizá-las, apenas 3% dos formandos responderam sim. Outros 13% responderam que havia metas claras, mas não as haviam escrito. Por fim, 84% dos estudantes não tinham meta alguma. Dez anos após a coleta dos dados, verificou-se que os 13% dos estudantes que tinham metas, mas não as haviam escrito, ganhavam em média o dobro do que os 84% que não possuíam qualquer meta. E aqueles 3% que possuíam metas claras em 1979 ganhavam aproximadamente 10 vezes mais do que os outros 97% juntos!

Dada a importância de se estabelecer metas claras, surge a necessidade de o candidato tornar claro seu pensamento a respeito de todos os aspectos que envolvem a escolha por um concurso público e o que o ingresso em uma carreira pública pode significar. Para que o candidato alcance essa visão e assim possa decidir por uma carreira, apresento um breve roteiro de perguntas que o ajudará a escolher um concurso público:

O que eu desejo com uma carreira pública?
O que eu ganho se eu passar em um concurso?
Quais oportunidades que eu PERCO se passar em um concurso público? Estou disposto a pagar esse preço?
Existem opções para o que eu desejo na carreira pública que ainda não levei em consideração?
Estou certo de que estou disposto a pagar o preço do período de preparação, mesmo considerando que não há garantias de sucesso em curto e médio prazo?
Qual carreira pública desejo?
De que maneira o período de preparação pode fazer parte de minha vida agora?
De que maneira posso ser feliz durante o período de preparação?
Há outras pessoas que deveriam ser consultadas ou informadas sobre minha decisão de preparar-me para um concurso ANTES de iniciar tal preparação (família, sócios, colegas, chefes, clientes, amigos, etc)?
Há algum tipo de risco para mim ou para pessoas próximas a mim ao iniciar o meu período de preparação (risco de queda de renda, menos tempo compartilhado, falência de empresa, demissão, menos atenção a clientes, risco de separação, etc)?
Eu acredito que mereço e sou capaz de passar em um concurso público?
Eu acredito que esta empreitada depende exclusivamente de mim, desde o início até o dia de minha aprovação?

Sugiro que você responda a estas perguntas para perceber que há uma enorme quantidade de variáveis que compõe a sua decisão de escolher por um concurso e não outro qualquer, e que talvez você nunca tenha pensado sobre essas questões antes. Espero que tenha ajudado você a escolher por uma carreira e a estabelecer uma meta inicial clara, e assim poder começar os seus estudos de maneira tranqüila, porém excitante, em direção à sua vaga em algum órgão público.

Flávio Ribeiro de Paiva é Psicólogo formado pela UFRGS, Personal e Professional Coach pelo Behavioral Coaching Institute - New York, através da Sociedade Brasileira de Coaching - São Paulo. Está vinculado a outros grandes institutos de Coaching e Desenvolvimento humano no Brasil e no exterior e possui larga experiência pessoal de sucesso em provas e concursos de diversos órgãos, como Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, TRF-4 e Polícia Rodoviária Federal.