O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) questionou a promoção em massa concedida pela Advocacia-Geral da União (AGU) a 607 procuradores federais. O aumento salarial elevou 606 procuradores ao topo da carreira, passando a receber salário de R$ 27 mil por mês. De acordo com o subprocurador, Lucas Furtado, a promoção é "inteiramente inoportuna e indecorosa" e demonstra indiferença com a população, sobretudo com as pessoas mais pobres que "serão chamadas a pagar a conta".

A promoção ocorre após o aumento da pressão por parte de membros dos Poderes e servidores para garantir promoções nas carreiras por causa da reforma administrativa. A proposta enviada pelo governo, no entanto, será aplicada somente a novos servidores e não atinge os membros de Poder, como os promotores. Mesmo assim, os servidores temem que ajustes possam ser feitos pelos parlamentares e que acabem incluindo esses grupos.

"O aumento de remuneração da categoria em questão - neste momento - constrange a sociedade brasileira. Segundo ele, "é difícil crer" que tenha sido concedida em uma "situação tão sensível que vivemos, quando se acumulam crises sanitária, econômica e fiscal", disse Furtado.

No requerimento apresentado nesta quinta (24), o Ministério Público solicita que o TCU avalie se a promoção dos 607 procuradores está de acordo com as regras orçamentárias e que o aumento seja suspenso até que o TCU decida sobre o mérito da questão.

Em nota, a Procuradoria-Geral Federal se manifestou declarando que somente no primeiro semestre de 2020 cerca de R$ 2 bilhões foram recuperados por meio de cobranças judiciais e acordos e que "todos os atos relacionados a seus servidores são praticados em estrita observância às disposições legais e regulamentares".