Nesta quarta-feira (2), o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, abordou uma das preocupações financeiras recorrentes dos brasileiros: os altos juros do rotativo do cartão de crédito. Ele disse que não medirá esforços para que uma redução ocorra, mas ressaltou que as taxas ainda permanecerão elevadas durante um período de transição, até que um "sistema mais saudável" seja implementado em consenso com os bancos.

Haddad explicou que a diminuição dos juros será gradual, mas não se limitará a uma mudança marginal de valores, como de 430% para 420%. O objetivo é que esses números caiam bastante.

A permanência de níveis altos é necessária temporariamente para assegurar uma transição suave e responsável. O ministro enfatizou a necessidade de um sistema bancário mais equilibrado e saudável em relação às taxas praticadas. Nesta quarta-feira (2) o COPOM deve fazer o primeiro corte da taxa de juros depois de 3 anos - se confirmado, esse será o primeiro corte desde agosto de 2020, em meio à pandemia, quando a taxa Selic caiu de 2,5% para 2%. Hoje ela é de 13,75%.

Haddad diz que fará esforço para baixar taxas do cartão de crédito até fim do ano - Foto: M3 Midia
Haddad diz que fará esforço para baixar taxas do cartão de crédito até fim do ano - Foto: M3 Midia

Governo quer reduzir juros do cartão

Em uma entrevista concedida a programas de rádio, o Ministro destacou o "freio de arrumação" promovido pelo governo no primeiro semestre, incluindo a redução da inflação, como um dos fatores que permitirão a redução dos juros do cartão de crédito.

Ele mencionou a convergência de esforços em direção a uma economia mais estável, o que, em conjunto com as melhorias mencionadas, sinaliza para um corte gradual mais significativo. Haddad observou que, atualmente, o mercado aponta para uma redução de 0,5 ponto percentual.

Sobre o programa de renegociação de dívidas denominado "Desenrola", o Ministro fez um balanço positivo, revelando que quase R$ 3 bilhões em dívidas já foram renegociados até o momento. Ele projeta que esse montante poderá atingir a marca de R$ 50 bilhões até o final do ano. Haddad anunciou que, em setembro, o programa se expandirá para incluir renegociações de dívidas relacionadas a serviços, lojas e contas essenciais, como água e luz.

Otimismo na economia

O ministro ainda comentou sobre a taxa básica de juros, a Selic, ao sinalizar que existe margem para um corte de até 0,75 ponto percentual. Atualmente estabelecida em 13,75%, a Selic é objeto de análise na quinta reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), cujo anúncio será realizado hoje, quarta-feira (2).

Durante a entrevista, Haddad reconheceu a expectativa generalizada de que a taxa não será mantida. O Ministro ressaltou que o cenário econômico é positivo, enfatizando as quedas na inflação e no dólar como catalisadores para um corte mais robusto e técnico.

Haddad sublinhou o impacto das transformações ocorridas no Brasil, com atenção especial ao trabalho conjunto de setores como o Congresso, o Judiciário, as agências de risco e o Fundo Monetário Internacional (FMI) na análise da economia brasileira.

Ele apontou para as mudanças favoráveis ocorridas no primeiro semestre e insinuou que agora é o momento de colher os frutos do investimento feito. A discussão técnica sobre a Selic, segundo ele, é fundamental, separada de considerações políticas. O ministro ilustrou com humor que a Selic está próxima de "apagar uma velinha de aniversário", já que mantém a mesma taxa há quase um ano.