A Agência Brasil, empresa oficial de comunicação do governo federal, vem chamando atenção dos leitores nesta terça-feira (24) após publicar um texto com linguagem neutra em seu site. Com um novo governo mais inclusivo - pelo menos seis novos ministros de Lula são da comunidade LGBTQIA+ - a publicação se deu para explanar sobre parlamentares eleitos da comunidade para o próximo mandato.

O 1º Encontro de LGBT+eleites foi realizado nos dias 20 e 21 de janeiro em Brasília e discutiu os desafios da comunidade LGBTQIA+. Os parlamentares vão iniciar mandatos tanto na Câmara dos Deputados como também em Assembleias Legislativas dos Estados. No dia 29 de janeiro é comemorado o Dia Nacional de Visibilidade Trans.

Nas redes sociais, personalidades comentaram a publicação polêmica. Na justificativa, a Agência disse que utilizou a linguagem neutra a pedido das parlamentares - veja a publicação: "a pedido das parlamentares eleites, a repórter utilizou o gênero neutro nas construções das frases", justificou.

O evento contou com a participação das deputadas federais trans Duda Salabert (PDT-MG) e Érika Hilton (Psol-SP), além da primeira deputada estadual intersexo, Carolina Iara (Psol-SP).

O uso neutro nas palavras ‘eleite’, ‘deputade’ e ‘parlamentare’ causou polêmica nas redes sociais. Quando da posse do novo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a linguagem já havia sido utilizada também quando dos agradecimentos a "todos, todas e todes".

Veja as reações nas redes:

O que é linguagem neutra

Essa variação na norma gramatical substitui pela letra "e" as vogais "a" ou "o", que dão sentido masculino/feminino às palavras, da mesma forma que ocorre nos pronomes "ile" e "dile".

A linguagem neutra seria uma nova forma de se comunicar sem estereótipos relacionados à gênero, raça e orientação sexual. Nela se incluem evitar a utilização de gêneros como "homem padrão" ou "mulher ideal". Ela é bastante adotada por pessoas que não se identificam, as chamadas agênero.

Ainda no governo de Bolsonaro, a variação foi criticada. "Uma parte da garotada nem sabe português e quer a linguagem neutra. Antes de explicar o pronome neutro pergunta se sabe a diferença do pronome pessoal do caso reto, do caso oblíquo", disse Bolsonaro.

No Congresso, vários projetos estão surgindo para proibir o uso da linguagem neutra, justificando que a alteração causaria mais problemas às escolas na aprendizagem da língua portuguesa, corrompendo assim as atuais regras gramaticais, amplamente discutidas quando do Acordo Ortográfico entre Brasil, Portugal e outros países que utilizam o mesmo idioma.

O Deputado Junio Amaral (PSL-MG) protocolou o PL 5.198/2020 proibindo o uso da linguagem neutra com o objetivo da "tutela um dos bens mais preciosos de nossa nação: a Língua Portuguesa", justificou.