Uma mudança no mundo do trabalho está prestes a ser testada por 20 empresas brasileiras. A chamada semana de quatro dias, que já é uma realidade em países como o Reino Unido, Estados Unidos e Portugal, está ganhando força também aqui no Brasil. Empresas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Campinas e Porto Alegre estão na lista das pioneiras, com um total de 400 funcionários envolvidos.

O movimento para trabalhar somente 4 dias ganhou ainda mais destaque após estudo realizado no Reino Unido que demonstrou que essa redução da jornada de trabalho é possível. No Brasil, a pesquisa começou um mês atrás, quando o setor administrativo de um hospital em São Paulo passou a operar apenas de segunda a quinta-feira.

A ideia por trás dessa mudança é simples: menos horas de trabalho, mais produtividade e bem-estar para os funcionários. Os resultados iniciais deste experimento já mostram que essa transformação é viável e benéfica.

Como funciona o trabalho de 4 dias na semana?

O conceito da semana de quatro dias não implica necessariamente em folgas às sextas-feiras. As empresas participantes têm a flexibilidade de decidir em que dia da semana os funcionários terão folga. Além disso, os próprios funcionários recebem orientações sobre como otimizar o tempo de trabalho.

Os resultados desse experimento internacional até o momento são:

  • Redução no esgotamento (68%);
  • Atração de talentos (63%);
  • Aumento na capacidade de trabalho (54%);
  • Diminuição nas demissões de funcionários (42%);
  • Aumento da receita em relação ao ano anterior (36%).

Além disso, estudos indicam que a semana de quatro dias reduz emissões de carbono e contribui para equidade de gênero.

Participação das empresas brasileiras

As empresas brasileiras que aderiram a essa iniciativa têm a liberdade de escolher quais funcionários participarão e como será a semana de trabalho. Se os líderes da empresa não participarem, isso pode gerar incoerência, pois até a gerência precisa adotar a medida para que haja isonomia entre todos.

Aqui, as empresas participantes desse projeto são:

  • Editora Mol - São Paulo/SP
  • Editora de Vídeo 'Thanks for Sharing' - São Paulo/SP
  • Oxygen - São Paulo/SP
  • Haze Shift (Consultoria) - Curitiba/PR
  • Smart Duo (Arquitetura) - Belo Horizonte/MG
  • Soma, do Grupo Dreamers - Rio de Janeiro/RJ
  • Inspira - São Paulo
  • Clementino & Teixeira Advocacia - Belo Horizonte/MG
  • Ab Aeterno (Comunicação) - São Paulo/SP
  • GR Assessoria Contábil - Rio de Janeiro/RJ
  • Brasil dos Parafusos (material de construção) - Porto Alegre/RS
  • Plongê (Recrutamento) - São Paulo/SP
  • Alimentare (serviço de alimentação) - Campina Grande do Sul/PR
  • Piu Comunica (publicidade) - São Paulo/SP
  • Innuvem (TI) - Rio de Janeiro/RJ
  • Vockan (Consultoria) - São Paulo/SP

Desafios no Brasil

Apesar dos benefícios claros, a transição para a semana de quatro dias no Brasil enfrenta desafios culturais. O país possui uma cultura forte de presenteísmo, onde as pessoas têm dificuldade em entender como utilizarão o tempo livre.

Diferentemente de experiências em outros lugares, onde o dia de folga foi usado principalmente para compromissos pessoais e familiares, os brasileiros podem estar inclinados a buscar uma renda extra durante esse tempo.

Além disso, questões jurídicas são motivo de preocupação para as empresas participantes. Especialmente se, ao final do projeto, decidirem voltar para uma semana de trabalho de 40 horas, é importante que os acordos sejam claros e coletivos ou individuais, dependendo do caso.