A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta quinta-feira (2), uma grande operação para desmontar uma organização criminosa acusada de fraudar concursos públicos em diferentes estados do país.
A investigação, conduzida em parceria com o Ministério da Justiça e Segurança Pública e o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI), revelou um sofisticado esquema que teria atingido inclusive o Concurso Público Nacional Unificado (CNU) de 2024, o "Enem dos Concursos", que terá, inclusive, a prova da edição de 2025 aplicada no próximo domingo, 5.
Além do CNU, concursos da Caixa e do Banco do Brasil são alvos da investigação. De acordo com informações da PF, foram constatadas irregularidades em certames ainda das Polícias Civis de Pernambuco e Alagoas, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). As decisões judiciais autorizadas pela Justiça incluem 12 mandados de busca e apreensão, prisões preventivas, medidas cautelares e sequestro de bens em municípios da Paraíba, Pernambuco e Alagoas.
Como era a fraude
Três pessoas foram presas preventivamente: duas na cidade de Recife e uma em Patos (PB). Segundo a apuração, pelo menos 16 candidatos já foram identificados como participantes diretos do esquema fraudulento nos concursos realizados em 2023 e 2024.
Os métodos usados pela quadrilha eram variados. Entre eles:
- Uso de ponto eletrônico para comunicação durante a realização das provas
- Falsificação de documentos para permitir que terceiros se passassem pelos candidatos e fizessem as provas
- E ainda denúncias de acesso antecipado a provas. Esse ponto é considerado o mais grave, pois compromete diretamente a credibilidade e a transparência dos processos seletivos.
A PF também apontou que alguns dos investigados já haviam sido aprovados e nomeados em cargos públicos, sendo agora imediatamente afastados após a confirmação da fraude. Os acusados responderão por crimes como fraude em concurso público, falsificação de documento público, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Impactos no CNU e nos próximos concursos
O caso ganhou repercussão nacional principalmente pelo envolvimento do Concurso Nacional Unificado, considerado o maior certame já realizado no país, que reuniu mais de 2 milhões de inscritos em sua primeira edição, em 2024. O Ministério da Gestão e Inovação confirmou, em nota oficial, que houve tentativa de fraude pontual durante a aplicação da prova do CNU 1, mas reforçou que os casos foram identificados e os envolvidos eliminados.
O MGI também ressaltou que o CNU 2, previsto para o próximo domingo (5 de outubro), está confirmado e terá reforço de medidas de segurança. Entre elas, monitoramento eletrônico reforçado, maior controle de acesso às salas de prova e fiscalização mais rígida com apoio das forças policiais.
Nota oficial do governo
Em comunicado, o Ministério da Gestão afirmou:
"O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos informa que tem apoiado, desde o início, as investigações da Polícia Federal sobre fraudes em concursos públicos, entre elas, uma fraude pontual durante a aplicação da prova da primeira edição do Concurso Público Nacional Unificado. O MGI vem acompanhando os desdobramentos da operação e, em conjunto com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, a Polícia Federal e demais forças de segurança, ampliou os mecanismos de fiscalização para garantir maior segurança, transparência e integridade na prova do CPNU 2."

