Nessa quarta-feira, 1º de novembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou pela terceira vez desde 2020 uma redução no valor da Taxa Selic, que é a taxa básica de juros da economia brasileira. Assim, ela passou de 12,75% para 12,25% ao ano.

E justamente por ser a taxa básica de juros, ela impacta significativamente na economia e no seu bolso. Ela pode impactar, inclusive, no rendimento da poupança, em alguns casos. E como essa é uma das principais formas de aplicação dos brasileiros, isso com certeza interessa você.

Então, entenda abaixo como funciona o rendimento da poupança e como a redução da taxa Selic impacta nisso.

Créditos: M3Mídia
Créditos: M3Mídia

Selic é reduzida para 12,25%

Antes de mais nada, porém, é preciso entender o que é a Selic. O termo Selic é uma sigla, e significa Sistema Especial de Liquidação de Custódia e esse é o principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central (BC) para controlar a inflação.

Funciona assim: quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. O lado ruim é que desse modo as taxas mais altas podem dificultar a recuperação da economia.

Por outro lado, quando o Copom reduz a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica. Isso aconteceu ao longo de 2020 quando a Selic chegou a ser definida em 2% ao ano, patamar mais baixo de sua história desde o início da série histórica, em 1996.

Veja o histórico recente da Taxa Selic:

Últimos ajustes da Taxa Selic
Reunião do Copom SELIC - % a.a. Ajuste
1º/11/2023 12,25 -0,50
20/09/2023 12,75 -0,50
02/08/2023 13,25 -0,50
21/06/2023 13,75 -
03/05/2023 13,75 -
22/03/2023 13,75 -
1º/02/2023 13,75 -
07/12/2022 13,75 -
26/10/2022 13,75 -
21/09/2022 13,75 -
03/08/2022 13,75 + 0,50
15/06/2022 13,25 + 0,50
04/05/2022 12,75 + 1,00
16/03/2022 11,75 + 1,00
02/02/2022 10,75 +1,50
08/12/2021 9,25 +1,50
27/10/2021 7,75 +1,50
22/09/2021 6,25 + 1,00
04/08/2021 5,25 +1,00
16/06/2021 4,25 +0,75
05/05/2021 3,50 +0,75
17/03/2021 2,75 +0,75
20/01/2021 2,00 -
09/12/2020 2,00 -
Créditos: Banco Central/Poupar Dinheiro

E a taxa de juros Selic é uma referência para todos demais juros da economia brasileira e por isso, seus reajustes podem oferecer impactos para todos nós. Há duas principais formas de nos impactar. São elas:

  • Empréstimos e financiamentos: com a Selic mais baixa, eles ficam mais baratos;
  • Aplicações financeiras: vários são os investimentos que têm relação com a Selic, direta ou indiretamente.

Uma dessas aplicações é a poupança.

Como funciona o rendimento da poupança?

A taxa de juros da poupança é igual para todos os bancos. Os rendimentos não são definidos pelos bancos, mas sim pelo Banco Central do país, ou seja, independente da instituição financeira em que você possuir sua poupança, o rendimento será sempre o mesmo.

Entretanto, para calcular o rendimento, existe uma diferença: a data do depósito.

Depósitos feitos antes de 4 de maio de 2012

A poupança antiga, como é conhecida popularmente, rende 0,5% ao mês + a taxa Taxa Referencial (TR). Sendo assim, os depósitos feitos antes de maio de 2012 ainda tem um rendimento de, pelo menos 6% ao ano.

Depósitos feitos depois de maio de 2012

A nova regra da poupança após maio de 2012 diz que ela rende 70% da taxa SELIC enquanto ela (Selic) estiver abaixo de 8,5% ao ano. Vale lembrar que, em 2019, o rendimento da poupança foi de 4,34% e vinha caindo desde então.

Sempre que a taxa SELIC estiver acima de 8,5% ao ano, como agora, a poupança irá render 0,5% ao mês + a TR, da mesma maneira que antigamente.

Como fica o rendimento da poupança agora?

Portanto, com a redução da Selic de 12,75% para 12,25% ao ano, o impacto no rendimento da conta poupança ainda não vai acontecer, pelo menos não de forma significativa.

Por hora, enquanto a Selic ainda estiver acima de 8,5% ao ano, a poupança seguirá rendendo 6% ao ano + TR. O que pode mudar é que a Taxa Referencial também é impactada pela Selic, e portanto, ela é que pode cair um pouquinho nas próximas semanas. Mas como a redução da Selic foi de apenas 0,5%, essa queda não deve ser muito grande.

O que é a Taxa Referencial?

Entenda abaixo o que é a Taxa Referencial (TR) que impacta no rendimento da poupança:

Criada em 1991, junto de um pacote de medidas econômicas chamado Plano Collor II - porque o então presidente do Brasil era Fernando Collor de Mello - a Taxa Referencial é uma taxa de juros de referência, ou seja, ao criá-la, a intenção era que servisse de parâmetro para os juros praticados no Brasil, evitando assim a hiperinflação. Um papel semelhante ao que a Selic tem hoje.

Atualmente, porém, ele serve como um indicador para a atualização monetária de algumas aplicações financeiras e operações de créditos. Ela serve para corrigir valores ao longo do tempo.

A TR é definida diariamente pelo BC com base nas Taxa Básica Financeira (TBF). Ela é calculada com base nas taxas de títulos públicos prefixados do Tesouro Nacional - as Letras do Tesouro Nacional (LTNs).

Sempre que a taxa Selic passa de 8,5%, há impacto direto na TR, e na medida em que a Selic sobe a TR sobe também, mas na medida em que a Seli for reduzida, ela também deverá cair.

Um dos principais impactos da TR nas nossas vidas é sobre o rendimento da poupança, como já vimos acima. Mas não apenas. Outro rendimento que sofre impactos com a volta da TR, por exemplo, é o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) que rende 3% ao ano +TR.

Além disso, há alguns financiamentos imobiliários que também estão atrelados à TR, como por exemplo aqueles contratos de imóveis que fazem parte Sistema Financeiro de Habitação (SFH).

Próximos ajustes da Selic

Em 2023, ainda está prevista uma reunião do Copom para discutir a Taxa Selic. A data é a seguinte:

  • 12 e 13 de dezembro

A expectativa para esse próximo encontro é de que mais uma redução na taxa aconteça. Isso porque a Selic vinha sendo elevada para conter a inflação que chegou a mais de 10% ao ano em 2021. Agora, porém, no acumulado dos últimos 12 meses, a inflação está em 5,19%.

O Copom também já divulgou as datas de seus encontros em 2024. Confira:

  • 30 e 31 de janeiro
  • 19 e 20 de março
  • 7 e 8 de maio
  • 18 e 19 de junho
  • 30 e 31 de julho
  • 17 e 18 de setembro
  • 5 e 6 de novembro
  • 10 e 11 de dezembro