O Banco Central anunciou na última segunda-feira (7) o lançamento do novo Real Digital, denominado Drex, que tem gerado algumas dúvidas e questionamentos em relação à diferença entre a nova modalidade e o sistema PIX.

Apesar de compartilharem uma afinidade tecnológica, o Drex, previsto para ser disponibilizado ao público até o final de 2024, apresenta características distintas e não é um meio de transferência em si.

A diferença fundamental está na essência de cada uma das tecnologias: enquanto o PIX se concentra nas transações instantâneas, o Drex é a própria moeda virtual oficial do país.

Nesse sentido, o PIX desempenha a função de intermediário para a transferência de fundos, já o Drex se consolida como o próprio meio monetário a ser transferido. Essa nova moeda digital terá a capacidade tanto de efetuar transações PIX quanto de realizar pagamentos ou transferências por intermédio de modalidades já existentes.

Drex pode ter custos

O plano da nova moeda também contempla a negociação de títulos públicos em colaboração com o Tesouro Nacional. Dessa forma, será viável adquirir e liquidar esses títulos por meio do Real Digital.

Especialistas ressaltam ainda que a introdução dessa nova moeda abrirá portas para a disponibilidade de novos serviços financeiros digitais, incluindo os contratos inteligentes, também conhecidos como smart contracts.

Além disso, o Drex encontrará aplicação em outras esferas de serviços, abrangendo empréstimos, seguros e investimentos.

"Estamos empregando essa tecnologia para simplificar o acesso aos serviços financeiros. Quando você tem o valor registrado e acessível de maneira descomplicada e confiável (...), ocorre uma redução de custos e democratização do acesso aos serviços", assegurou Fabio Araújo, o coordenador do projeto no Banco Central.

Outra diferença em relação ao PIX é que o Real Digital possuirá uma tarifa de uso. No entanto, o coordenador da iniciativa afirmou que os encargos associados às transações financeiras, como realizadas atualmente, serão reduzidos com a adoção do Real Digital.

"Haverá um custo, mas esse custo aparenta ser consideravelmente mais acessível. Estamos empenhados em estruturar essa tecnologia de modo a torná-la substancialmente mais econômica em comparação com as alternativas disponíveis atualmente", afirmou Araújo.

Qual será o funcionamento do novo recurso?

Com a disseminação do PIX, cada vez mais o Real deixa de ser uma moeda física. Na prática, o Real Digital assumirá o valor das notas físicas, já emitidas pelo BC, e estará respaldado pelos mesmos princípios e políticas econômicas que sustentam o valor e a estabilidade da moeda convencional, o real.

A instituição monetária realça que uma das orientações-chave para a elaboração da moeda digital é a interoperabilidade (habilidade de sistemas se comunicarem entre si de forma transparente) com os atuais meios de pagamento disponíveis para a população.

Além das transferências através do PIX, os usuários terão a capacidade de efetuar pagamentos em estabelecimentos comerciais, utilizando o seu fornecedor de serviços de pagamento — seja um banco, instituição de pagamento ou outra entidade devidamente autorizada pelo Banco Central para essa finalidade.

Além disso, o usuário terá a opção de transferir reais digitais para outras pessoas, convertê-las em depósitos bancários convencionais e efetuar levantamentos em formato físico, bem como pagar faturas, boletos e obrigações fiscais.

"Ou seja, poderá movimentar seus Reais Digitais da mesma forma que você movimenta seus recursos hoje depositados nos bancos", afirmou o BC em comunicado.

Nova moeda digital

Veja abaixo os principais pontos do Drex - Real Digital:

  • A nova moeda será emitida diretamente pelo Banco Central, funcionando como uma extensão da moeda física, com a distribuição ao público intermediada por bancos e instituições de pagamento, diminuindo custos com impressão de notas;
  • terá sua custódia sob responsabilidade do Banco Central;
  • poderá ser convertida em reais tradicionais (notas) e vice-versa, mas seu enfoque principal estará nas transações financeiras;
  • apresentará a mesma taxa de câmbio em relação a outras moedas;
  • não permitirá que os bancos emprestem esses recursos a terceiros, como ocorre atualmente com o dinheiro físico, e depois os retornem aos clientes;
  • não terá remuneração automática, ou seja, os recursos não serão automaticamente corrigidos;
  • garantirá segurança jurídica, cibernética e de privacidade nas operações.

O Real Digital encontra-se atualmente em fase de testes e ainda não possui um cronograma oficial de lançamento. A previsão é que a nova moeda seja disponibilizada ao público até o final de 2024.