Na última segunda-feira (6), o Banco Central anunciou que o projeto-piloto do Real Digital começou a ser testado. Esta será a futura moeda virtual oficial brasileira. A forma de testagem será feita em ambientes simulados, fazendo com que não sejam envolvidas transações e valores reais.

Apenas as instituições financeiras autorizadas pelo BC poderão ter acesso à modalidade. Vale ressaltar que estas instituições ainda serão escolhidas pelo BC e devem participar do projeto-piloto a partir de maio. Durante este processo, será simulada a participação de usuários finais através de depósitos codificados (tokenizados) do real digital.

Durante a fase de testes, haverá ainda a simulação de compras e vendas de títulos públicos, com parceria do Tesouro Nacional. Com isso, será possível comprar e vender títulos públicos utilizando o Real Digital futuramente. Esta é uma das utilidades para a criação da nova versão da moeda brasileira. O Banco Central escolheu a plataforma Hyperledger Besu para os testes do Real Digital.

Real Digital deve ser lançado ao público no fim de 2024

A fase para os testes do Real Digital está prevista para durar até fevereiro de 2024. Já a partir de março do mesmo ano, deve ocorrer a etapa de avaliação antes do lançamento ao público. De acordo com Fabio Araujo, coordenador da iniciativa do real digital, espera-se que a moeda digital seja lançada para o público em geral até o fim de 2024, como já havia sido dito pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

"Trabalhamos com a expectativa de conseguir amadurecer o projeto o suficiente para permitir acesso à população no fim de 2024", afirmou Araújo.

Tecnicamente, o Real Digital deverá ser utilizado como uma extensão da moeda brasileira que é usada hoje. O Banco Central emitirá a moeda virtual e será custeada pela autoridade monetária. Apesar de ter outras funcionalidades, o principal foco da modalidade será para o uso de transações financeiras, inclusive para a conversão de saques em papel-moeda.

"A diferença fundamental [do real digital] será a tecnologia, você poderá ganhar eficiência e baratear o custo e prestar serviços que não são possíveis hoje", ressaltou Araújo.

De acordo com o coordenador, há bastante interesse das instituições para o uso da moeda digital. Vale lembrar que estas moedas não são iguais às criptomoedas, já que elas são privadas e sem lastro.

Como vai funcionar o Real Digital?

Segundo o Banco Central, o Real Digital será emitido exclusivamente pelo BC, como uma extensão da moeda que já existe, distribuída ao público e intermediada pelos bancos e instituições financeiras.

O Real Digital poderá ser trocado por notas do real tradicional, e vice-versa. A cotação frente às demais moedas também será a mesma. Os bancos não poderão emprestar a terceiros os recursos, como ocorre hoje com o real físico, e depois devolvido aos clientes.

Também não haverá remuneração, pois os recursos não terão uma correção automática. Terá uma garantia de segurança jurídica, cibernética e de privacidade nas operações.