Os militares das Forças Armadas brasileiras terão um reajuste de 4,5% nos soldos a partir de janeiro de 2026, conforme estabelece a Medida Provisória 1.296/2025, aprovada pelo Congresso Nacional.

Essa correção representa a segunda parcela do reajuste total de 9%, sendo que os primeiros 4,5% já haviam sido aplicados em abril de 2025. Com a atualização dos vencimentos, milhares de militares ativos, da reserva e pensionistas vinculados ao sistema de proteção social dos militares serão impactados.

Reajuste é parte de medida para valorização das carreiras militares

O reajuste faz parte de uma política de valorização da carreira militar, que vem sendo discutida entre o Executivo e as Forças Armadas desde o fim de 2023. Com a aprovação da MP, o aumento será incorporado diretamente aos soldos, que representam o valor-base da remuneração dos militares.

Abaixo, a tabela detalhada com os valores atualizados por patente, comparando com os salários em vigor até 31 de março de 2025:

  • Oficiais-Generais:
    • Almirante de Esquadra, General de Exército, Tenente-Brigadeiro:
      • De R$ 13.471,00 para R$ 14.711,00;
    • Vice-Almirante, General de Divisão, Major-Brigadeiro:
      • De R$ 12.912,00 para R$ 14.100,00;
    • Contra-Almirante, General de Brigada, Brigadeiro:
      • De R$ 12.490,00 para R$ 13.639,00;
  • Oficiais Superiores:
    • Capitão de Mar e Guerra, Coronel:
      • De R$ 11.451,00 para R$ 12.505,00;
    • Capitão de Fragata, Tenente-Coronel:
      • De R$ 11.250,00 para R$ 12.285,00;
    • Capitão de Corveta, Major:
      • De R$ 11.088,00 para R$ 12.108,00;
  • Oficiais Intermediários:
    • Capitão-Tenente, Capitão (do Exército):
      • De R$ 9.135,00 para R$ 9.976,00;
  • Oficiais Subalternos:
    • Primeiro-Tenente:
      • De R$ 8.245,00 para R$ 9.004,00;
    • Segundo-Tenente:
      • De R$ 7.490,00 para R$ 8.179,00;
  • Praças Especiais
    • Guarda-Marinha, Aspirante a Oficial:
      • De R$ 7.315,00 para R$ 7.988,00;
    • Cadete (último ano), Aluno do ITA ou IME (último ano):
      • De R$ 1.630,00 para R$ 1.780,00;
    • Cadete (demais anos), Aluno do ITA/IME (demais anos):
      • De R$ 1.334,00 para R$ 1.457,00;
    • Aluno da Escola Preparatória de Cadetes (último ano):
      • De R$ 1.199,00 para R$ 1.309,00;
    • Aluno da Escola de Formação de Sargentos, Colégio Naval:
      • De R$ 1.185,00 para R$ 1.294,00;
    • Aprendiz-Marinheiro, Aprendiz-Fuzileiro Naval:
      • De R$ 1.105,00 para R$ 1.207,00;
  • Praças Graduadas:
    • Suboficial, Subtenente:
      • De R$ 6.169,00 para R$ 6.737,00;
    • Primeiro-Sargento:
      • De R$ 5.483,00 para R$ 5.988,00;
    • Segundo-Sargento:
      • De R$ 4.770,00 para R$ 5.209,00;
    • Terceiro-Sargento:
      • De R$ 3.825,00 para R$ 4.177,00;
    • Cabo (engajado), Taifeiro-Mor:
      • De R$ 2.627,00 para R$ 2.869,00;
    • Cabo (não engajado):
      • De R$ 1.078,00 para R$ 1.177,00;
  • Demais praças:
    • Taifeiro de Primeira Classe:
      • De R$ 2.325,00 para R$ 2.539,00;
    • Taifeiro de Segunda Classe:
      • De R$ 2.210,00 para R$ 2.413,00;
    • Soldado de Primeira Classe, Marinheiro, Soldado Paraquedista (engajado):
      • De R$ 1.926,00 para R$ 2.103,00;
    • Soldado de Segunda Classe (engajado), Corneteiro de Segunda Classe:
      • De R$ 1.765,00 para R$ 1.927,00;
    • Recruta, Soldado-Clarim, Marinheiro-Recruta (não engajado):
      • De R$ 1.078,00 para R$ 1.177,00.

O soldo, no entanto, só representa apenas parte da remuneração dos militares. Os valores finais podem ser significativamente maiores, graças a adicionais e gratificações previstos em lei.

Entre os principais adicionais, há o militar, que varia entre 13% e 28% do soldo, conforme a patente, além do adicional de habilitação, pago a militares com cursos de especialização e varia de 12% a 30%.

Há também o adicional de permanência, com 5% a cada promoção após o tempo mínimo para inatividade, assim como o adicional de compensação orgânica, entre 10% e 20%, para atividades especiais (voo, mergulho, salto).

As gratificações de localidade especial garantem até 20% do soldo, para quem serve em regiões inóspitas, enquanto as de representação são destinadas a militares em cargos de comando, viagens de representação e operações internacionais.

Decisão judicial limita acúmulo de adicionais e impacto

É importante destacar que, em abril de 2025, a Justiça Federal decidiu que os militares não podem acumular o Adicional por Tempo de Serviço (ATS) com o Adicional de Compensação por Disponibilidade Militar (ACDM).

A decisão foi justificada com base na isonomia entre servidores públicos e já está sendo aplicada nos novos contracheques emitidos desde maio.

Segundo estimativas do Ministério da Defesa, a recomposição salarial dos militares terá um impacto anual de cerca de R$ 6,2 bilhões no orçamento federal em 2026. O valor está dentro do teto de gastos previsto para a pasta, e parte será compensada com ajustes internos e economia em contratos administrativos.