Nas últimas semanas, milhões de beneficiários do Bolsa Família foram surpreendidos por uma onda de informações falsas que sugerem um possível corte no valor do benefício a partir de 2026.

Mensagens que circularam em redes sociais e aplicativos de mensagens instantâneas alarmaram famílias de baixa renda em todo o país. No entanto, o governo federal desmentiu categoricamente os boatos, uma vez que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros ligados à área social reafirmaram o compromisso com a manutenção do programa e garantiram que nenhuma família receberá menos que R$ 600 em 2026.

O que muda no Bolsa Família em 2026?

Embora os valores individuais do Bolsa Família estejam assegurados, o que de fato mudou foi o montante previsto para o programa no orçamento federal de 2026, enviado pelo governo ao Congresso no fim de agosto.

Segundo o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2026, estão previstos R$ 158,6 bilhões para o Bolsa Família, uma quantia R$ 8,6 bilhões menor do que o orçamento de 2025, que foi de R$ 167,2 bilhões.

Essa diferença não representa uma redução no valor pago às famílias, e sim um ajuste técnico relacionado à exclusão de beneficiários irregulares após um processo de revisão cadastral rigorosa, realizada ao longo de 2024 e 2025.

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), cerca de 3,7 milhões de cadastros foram cancelados ou bloqueados entre janeiro de 2024 e agosto de 2025.

A maioria dos cortes envolveu pessoas que não atendiam aos critérios de renda exigidos pelo programa, possuíam dados desatualizados ou inconsistentes, recebiam benefícios de forma indevida em duplicidade ou já haviam falecido, mas ainda constavam no cadastro.

Assim, com a base de dados mais enxuta e atualizada, o governo estima que o número de famílias realmente elegíveis ao benefício caiu, o que reduziu a necessidade de orçamento, sem afetar o valor individual.

Haverá aumento no benefício em 2026?

Hoje, a Lei nº 14.601, de 19 de junho de 2023, garante que nenhuma família receberá menos de R$ 600 por mês, mesmo que a soma do valor individual por integrante seja menor. No entanto, o pagamento do Bolsa Família pode contar com acréscimos condicionais, dependendo da composição familiar.

Há possíveis adicionais R$ 150 adicionais por criança de até 6 anos, além de R$ 50 adicionais para gestantes, nutrizes (mães que amamentam), crianças entre 7 e 12 anos, e adolescentes entre 12 e 18 anos incompletos.

Nos últimos meses, no entanto, vem circulando nas redes sociais a informação de que o Bolsa Família teria um reajuste para R$ 700. O governo federal, por sua vez, não confirma essa hipótese, uma vez que tanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, quanto o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias, afirmaram publicamente que não há previsão de aumento no valor do benefício em 2026.

A justificativa é a falta de espaço fiscal para expandir o programa neste momento, especialmente diante do compromisso com o novo arcabouço fiscal e da necessidade de cumprir metas de equilíbrio das contas públicas.

Desinformação ameaça segurança social

A disseminação de boatos sobre um possível corte no Bolsa Família gerou grande preocupação entre os beneficiários. Mas, o governo federal reforça que qualquer alteração estrutural no Bolsa Família precisa passar pelo Congresso, e não pode ser feita por decisão exclusiva do presidente ou de um ministro.

Esse modelo visa garantir maior transparência e segurança jurídica ao programa. O que irá acontecer é que, com o novo orçamento, o governo pretende investir mais em auditoria e fiscalização, a fim de manter o cadastro atualizado e evitar novas fraudes.

Entre as medidas previstas estão o cruzamento automatizado de dados com outros sistemas públicos (como Receita Federal, CNIS, INSS e TSE), parcerias com prefeituras para visitas domiciliares e acompanhamento direto e a implantação de filtros de inteligência artificial para detectar padrões suspeitos.

Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), esse tipo de fiscalização gerou economia de R$ 9 bilhões ao erário apenas em 2024, ao evitar pagamentos indevidos.

Bolsa Família é prioridade social do governo

Apesar da redução no orçamento geral para 2026, o governo federal assegura que o Bolsa Família continuará pagando, no mínimo, R$ 600 por família, e que não há previsão de corte ou redução individual do benefício.

O que houve foi uma adequação técnica nos recursos disponíveis, reflexo da maior eficiência na gestão do programa e do combate a fraudes.

Em tempos de incerteza, é fundamental que a população busque informações confiáveis e oficiais, evitando cair em armadilhas de fake news que geram insegurança e desinformação.