O Tesouro Nacional acaba de divulgar dados que lançam luz sobre a situação da dívida pública federal do Brasil. Os números referentes ao mês de agosto revelam que o estoque da Dívida Pública Federal (DPF) atingiu a marca de R$ 6,27 trilhões, o que representa um aumento de R$ 123,16 bilhões (ou 2,01% nominais, ou seja, sem considerar a inflação) em comparação a julho, quando estava em R$ 6,14 trilhões.

O PIB do Brasil em 2022, por exemplo, foi de R$ 9,9 trilhões, ou seja, a dívida pública está hoje na casa de 63% do PIB.

O novo aumento foi impulsionado principalmente pela expansão de 1,94% da Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi), que saltou de R$ 5,91 trilhões em julho para R$ 6,02 trilhões em agosto, devido a emissões líquidas. Já a Dívida Pública Federal externa (DPFe) também cresceu 3,71% em termos nominais, encerrando o mês passado em R$ 237,46 bilhões (US$ 48 bi de dólares).

Os dados são do Relatório Mensal da Dívida (RMD) referente a agosto, produzido pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN), que acaba de ser divulgado em uma coletiva online. O relatório destaca diversos fatores que influenciaram essa evolução da dívida no cenário internacional e local.

Cenário internacional e local

No cenário internacional, o mês de agosto foi marcado por uma crescente aversão ao risco, com as bolsas em queda e os títulos americanos em alta, em resposta ao rebaixamento do rating dos Estados Unidos pela agência Fitch.

A ata do FOMC (Federal Open Market Committee), do Federal Reserve dos EUA, reforçou as preocupações com o aumento da inflação, levando os mercados a precificar a possibilidade de juros altos por um período prolongado. Além disso, as dificuldades financeiras das grandes incorporadoras chinesas também contribuíram para esse ambiente de aversão ao risco.

No cenário local, o corte de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros brasileira, a Selic, favoreceu a queda das taxas de juros de curto prazo. O aumento do rating do Brasil pela Fitch também teve impacto positivo nos mercados.

No mês de agosto, o governo emitiu R$ 93,64 bilhões em títulos da Dívida Pública Federal (DPF) e resgatou R$ 34,37 bilhões, resultando em uma emissão líquida de R$ 59,27 bilhões. Essa movimentação inclui a emissão de R$ 59,73 bilhões relativos à Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi) e o resgate de R$ 461 milhões da Dívida Pública Federal externa (DPFe).

  • A DPF tem uma composição diversificada, com 25,00% em títulos "Prefixados", 41,39% em títulos remunerados à SELIC e 29,61% em títulos atrelados a índices de preços (IPCA).
  • Instituições Financeiras são os principais detentores dos títulos da dívida, com 28,96% de participação, seguidas por Fundos de Investimento (24,90%), Previdência (23,63%) e Não-residentes (9,25%).
  • A reserva de liquidez (colchão) apresentou alta nominal de 3,30%, atingindo R$ 1,024 trilhão, garantindo pagamentos de 7,92 meses de vencimentos futuros.

Vendas e resgates do Tesouro Direto

O Tesouro Direto, uma plataforma de investimento em títulos públicos do governo brasileiro, registrou vendas de R$ 3,66 bilhões e resgates de R$ 3,05 bilhões em agosto, resultando em uma emissão líquida de R$ 610 milhões.

O título mais demandado foi o Tesouro Selic, representando 62,21% das vendas. O estoque total do Tesouro Direto alcançou R$ 121,61 bilhões, com 49,60% dos títulos indexados à inflação.

Além disso, o Tesouro Direto viu um aumento significativo no número de investidores, com 468.954 novos investidores cadastrados em agosto/23. O total de investidores ativos chega agora já a 2,37 milhões.

*Com informações do Tesouro Nacional