O balanço financeiro do 2º trimestre dos Correios escancarou o que todo brasileiro já percebe há anos: a estatal está atolada em problemas financeiros, operacionais e estratégicos, e seu discurso de "reestruturação" soa cada vez mais como um mantra repetido para ganhar tempo.
A estatal registrou um prejuízo de R$ 4,37 bilhões só nos primeiros 6 meses do ano, número que já supera (e muito) todo o déficit de 2024, que havia sido de R$ 2,6 bilhões. Com a privatização tentada no governo anterior engavetada pelo atual governo Lula, os números assustam cada vez mais num órgão que já perdeu seu prazo de validade.
Receita em queda, gastos fora de controle
A empresa fechou o semestre com R$ 8,9 bilhões em receitas, quase 10% a menos que no ano passado. Pior: o setor internacional, que poderia ser um motor de crescimento, despencou mais de 60% após mudanças regulatórias com a "taxação das blusinhas" criada pelo atual governo para aumentar arrecadação, mas que diminuiu e muito as compras internacionais. Ou seja, em vez de avançar num mercado cada vez mais global e competitivo, os Correios estão encolhendo devido às próprias escolhas do atual governo.
Do outro lado da balança, os custos dispararam. Só com precatórios o aumento foi absurdo — mais de 500%. É claro que houve cortes pontuais (terceirizados, aluguéis, transportes), mas isso é enxugar gelo: a estrutura da estatal continua pesada, engessada e incapaz de acompanhar o ritmo do setor privado.
Numa empresa onde o funcionário já entra sabendo que vai processar o órgão no futuro, não é novidade que esse número de precatórios só tenda a aumentar nos próximos anos.
Uma estatal em frangalhos tentando sobreviver
Enquanto players privados de logística aceleram com tecnologia, inteligência artificial e modelos de entrega ultrarrápida, os Correios continuam presos a um modelo ultrapassado, sem investimentos consistentes há anos. Afinal, investir em algo que só gera prejuízo seria muito contraintuitivo. Assim, o resultado é previsível: filas, atrasos, reclamações e perda constante de mercado.
O discurso oficial tenta dourar a pílula, lembrando o "papel social" e a presença em todos os municípios do país. Isso é verdade, mas também escancara a contradição: a estatal tenta se vender como essencial, mas não consegue ser minimamente eficiente. O serviço universal se transforma em desculpa para justificar ineficiência crônica, demora e prejuízo.
Plano de reequilíbrio ou promessa vazia?
A direção fala em "plano de reequilíbrio econômico-financeiro" e em "modernizar o modelo de negócios". Mas quantos planos semelhantes já não foram anunciados nos últimos 20 anos? A realidade é que os Correios estão cada vez mais perto de se tornarem irrelevantes em um mercado dominado por gigantes privados que entregam agilidade, rastreamento em tempo real e custo competitivo.
Os números não deixam dúvidas: a estatal está sangrando. A pergunta que fica é se o governo continuará apostando na sobrevida artificial de uma empresa que já perdeu o bonde da inovação ou se terá coragem de tomar medidas mais drásticas — como abrir de vez o mercado, privatizar ou transformar os Correios numa empresa mais enxuta e adaptada ao século XXI. O governo anterior tentou, mas não conseguiu.
Hoje, a imagem que fica é a de uma estatal gigante, cara e lenta, tentando se manter de pé enquanto o mercado e os consumidores já seguiram em outra direção. Ela seguirá de pé, enquanto o governo seguir injetando recursos "infinitos" ao custo do pobre pagador de impostos brasileiro.
Oposição entra na briga
O senador Ciro Nogueira (PP-PI) criticou o resultado financeiro dos Correios e afirmou ter acionado o TCU (Tribunal de Contas da União) para auditar a estatal. Numa publicação feita nas redes sociais, criticou o "silêncio" do governo para sanar o problema estrutural da estatal.
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