Pela primeira vez desde sua criação, o Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF6) se prepara para realizar um concurso público destinado à seleção de juízes federais substitutos.
A expectativa é grande, tanto pela relevância da função quanto pela estrutura e abrangência do certame. A banca organizadora escolhida é a Fundação Getulio Vargas (FGV), que venceu o processo de seleção após oferecer uma proposta considerada mais vantajosa para a administração pública.
O concurso ofertará 28 vagas imediatas, além de cadastro de reserva, com remuneração inicial de R$ 37.765,55. A atuação dos aprovados se dará nas Subseções Judiciárias de Minas Gerais e na Seção Judiciária de Belo Horizonte, áreas sob jurisdição exclusiva do TRF6.
Contratação da banca
A contratação da FGV foi oficializada por despacho publicado no Portal Nacional de Contratações Públicas e fundamentada na "ampla experiência da instituição em concursos públicos complexos, sua qualificação técnica, capacidade logística, segurança da execução e domínio tecnológico".
A proposta aprovada estipula um custo inicial de R$ 498.750,00 para até 2.850 candidatos, com possibilidade de reajuste conforme o número de inscrições - veja o documento.
Etapas do concurso
O processo seletivo será composto por seis etapas, todas regulamentadas pela Resolução CNJ nº 75/2009, sendo:
1ª Etapa - Prova Objetiva Seletiva (P1)
- Composição: 100 questões de múltipla escolha divididas em 3 blocos de disciplinas jurídicas.
- Duração: 5 horas.
- Aplicação:
- Se houver até 500 inscritos, poderá ser usado o resultado do ENAM como prova.
- Se houver mais de 500 inscritos, será aplicada prova específica.
- Critérios de aprovação:
- Mínimo de 30% de acertos em cada bloco.
- Média final mínima de 60% de acertos no total.
- Classificação:
- Até 1.500 inscritos: os 200 melhores (com nota mínima).
- Mais de 1.500 inscritos: os 300 melhores (com nota mínima).
- Candidatos cotistas: classificados apenas pela nota mínima.
- Resultado: Divulgação do gabarito em até 3 dias após a aplicação. Recursos serão aceitos conforme cronograma.
2ª Etapa - Provas Escritas Discursivas (P2, P3 e P4)
Aplicadas em dois dias consecutivos, com consulta apenas à legislação sem comentários:
- P2: Questões discursivas (6 a 8), com duração de 4 horas.
- P3: Sentença cível (4 horas).
- P4: Sentença penal (4 horas).
Critérios de correção:
- P2 deve ser aprovada com nota mínima 6/10 para que P3 e P4 sejam corrigidas.
- Sentenças também exigem nota mínima de 6/10.
- Correção será feita sem identificação do candidato.
3ª Etapa - Inscrição Definitiva e Avaliações
Inclui:
- a) Inscrição definitiva (comprovação de prática jurídica);
b) Sindicância da vida pregressa;
c) Exame de sanidade física e mental;
d) Exame psicotécnico;
e) Perícia médica para candidatos com deficiência.
4ª Etapa - Prova Oral (P5)
- Aplicada em sessão pública na sede do TRF6.
- Avalia: domínio jurídico, linguagem, raciocínio, argumentação e uso do vernáculo.
- Conteúdo: todas as áreas jurídicas do edital, incluindo formação humanística.
- Sorteio de ponto ocorre com 24h de antecedência.
- Nota mínima para aprovação: 6/10.
5ª Etapa - Avaliação de Títulos
- Segue os critérios da Resolução CNJ nº 75/2009.
- Serão considerados apenas os títulos obtidos até a data final da inscrição preliminar.
6ª Etapa - Curso de Formação
- Realizado pela Escola da Magistratura Federal do TRF6.
- Eliminatório: média mínima exigida de 6/10.
- Concessão de bolsa mensal (50% do subsídio inicial do cargo), mediante requerimento.
O concurso vai reservar 20% das vagas para candidatos negros, 5% para pessoas com deficiência e 3% para indígenas. Também haverá isenção da taxa de inscrição para candidatos de baixa renda e doadores de medula óssea.
O edital garantirá atendimento especial a candidatos com necessidades específicas, desde que o pedido seja justificado e documentado. Além disso, haverá um rigoroso controle sobre a documentação e comprovações relativas às condições de cotistas, com possibilidade de exclusão de candidatos que não atenderem aos critérios estabelecidos.
Planejamento e segurança
A FGV terá até 10 dias úteis após a publicação da contratação para apresentar o plano completo do concurso, incluindo cronograma detalhado, estratégias de divulgação, logística de aplicação, medidas de segurança, projeto de capacitação de fiscais e plano de contingência para imprevistos.
Será responsabilidade da banca a elaboração e publicação do edital, que conterá todas as normas do certame: número de vagas, critérios de pontuação, prazos, documentos exigidos, datas das provas, regras para isenção de taxa, entre outros. A inscrição preliminar será exclusivamente online, com prazo mínimo de 30 dias.
A previsão é de que as inscrições sejam abertas no segundo semestre de 2025 e o edital deverá ser publicado nas próximas semanas, após aprovação da comissão organizadora do concurso, cuja composição foi atualizada recentemente pela Resolução PRESI 25/2025.
Situação do TRF6
Criado em 2021, o Tribunal Regional Federal da 6ª Região é o mais recente entre os TRFs do país e foi estabelecido com a finalidade de desafogar os processos da 1ª Região, atendendo exclusivamente ao estado de Minas Gerais. Sua estrutura abrange tanto a primeira quanto a segunda instância da Justiça Federal no estado, com sede em Belo Horizonte.
A abertura do concurso visa preencher as atuais 28 vagas desocupadas de juízes federais substitutos, cuja ausência compromete a celeridade e eficiência da prestação jurisdicional. Conforme determina a Constituição Federal, o ingresso na magistratura federal só pode ocorrer por meio de concurso público de provas e títulos.
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