Uma dúvida vem atraindo a atenção de muitos beneficiários do Bolsa Família. Após a divulgação do projeto de lei orçamentária anual (PLOA), o programa terá aumento de valor em 2026?
O governo federal encaminhou ao Congresso Nacional na última sexta (29), a proposta de orçamento para o próximo ano com os valores que ficarão a cargo do MDS para pagar o Bolsa Família. A decisão gera debates não apenas do ponto de vista econômico, mas também político, já que 2026 será um ano eleitoral em que o tema da proteção social costuma ganhar centralidade nas campanhas presidenciais.
O projeto de orçamento para o próximo ano trouxe à tona alguns pontos considerados centrais para a política fiscal do país. Entre os destaques estão:
- a definição do novo valor do salário mínimo;
- os recursos reservados para investimentos públicos;
- a fatia destinada às emendas parlamentares;
- a previsão de reajustes para servidores;
- e a ausência de reajuste no Bolsa Família, mesmo em um ano de eleições.
Além disso, o documento reforça a meta do governo de alcançar superávit primário em 2026. No entanto, as estimativas apontam que, na prática, o resultado será de déficit, indicando que as contas públicas devem continuar no vermelho.
A análise e a votação da proposta orçamentária são etapas obrigatórias para o fechamento das atividades legislativas do ano. Somente após a aprovação do texto, deputados e senadores podem entrar oficialmente em recesso parlamentar.
Quando o orçamento não é votado dentro do prazo (situação que já ocorreu neste ano), o governo enfrenta dificuldades para dar início à execução financeira no exercício seguinte, ficando sujeito a restrições e travas na liberação de recursos.
Bolsa Família sem aumento de orçamento
De acordo com o projeto de lei orçamentária, os recursos previstos para o Bolsa Família em 2026 somam R$ 158,6 bilhões. O montante representa uma redução de R$ 8,6 bilhões em comparação com 2025, quando foram reservados R$ 167,2 bilhões para a manutenção dos pagamentos.
A diminuição chama atenção porque, ao contrário do que muitos esperavam, não há previsão de ampliação ou correção do valor repassado às famílias, que segue em R$ 600 como parcela mínima desde seu relançamento, em março de 2023.
Menos famílias beneficiadas
Outro dado que reforça a preocupação em torno do programa é a queda no número de famílias atendidas. Em agosto de 2025, cerca de 19,2 milhões receberam o benefício, número menor do que o registrado em 2024, quando aproximadamente 20,9 milhões estavam inscritas. A redução é explicada, em parte, pelo endurecimento das regras de permanência no programa e pelo processo de revisão cadastral intensificado pelo governo.
Atualmente, além do valor base de R$ 600, o Bolsa Família mantém adicionais criados na reformulação de 2023:
- R$ 150 para cada criança de até 6 anos;
- R$ 50 para gestantes;
- R$ 50 para jovens de 7 a 18 anos incompletos;
- R$ 50 para bebês de até 6 meses.
Apesar disso, a inflação acumulada desde a última atualização tem corroído o poder de compra dos beneficiários. Economistas afirmam que, em termos reais, os R$ 600 de hoje não equivalem ao mesmo valor que no início de 2023, quando a promessa foi cumprida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Revisão prevista em lei, mas não obrigatória
Um ponto que gera dúvidas entre a população é a possibilidade de reajuste automático. A legislação que recriou o Bolsa Família em 2023 prevê que os valores podem ser revistos a cada dois anos, mas a medida não é obrigatória.
Na prática, a decisão depende da disponibilidade orçamentária e da vontade política do governo federal. Até agora, não há sinais de que o Executivo pretenda propor uma correção em 2026.
Critérios mais rígidos para entrada
Desde março de 2025, o programa passou a ter regras mais duras para novos cadastros e para a manutenção dos atuais. A renda mensal por pessoa deve ser de até R$ 218, e o Cadastro Único precisa estar atualizado. Além disso, o governo tem dado maior atenção às famílias unipessoais, com o objetivo de evitar fraudes e garantir que o auxílio seja direcionado a quem realmente precisa.
Essa política de maior fiscalização reduziu o número de beneficiários, mas também gerou críticas. Movimentos sociais e especialistas em políticas públicas alertam que muitas famílias em situação de vulnerabilidade podem ter sido excluídas em decorrência de exigências burocráticas.
Agora, a decisão final sobre o futuro do Bolsa Família em 2026 passa pelo Congresso Nacional. Deputados e senadores podem propor alterações na proposta orçamentária, incluindo a recomposição dos cortes ou até a previsão de reajuste. No entanto, a tramitação deve ocorrer por intensas negociações políticas, especialmente por se tratar de um ano eleitoral.
Caso o orçamento seja aprovado como está, os beneficiários continuarão recebendo os mesmos valores praticados desde 2023. Em meio às incertezas, o que já está claro é que, ao menos por enquanto, não há previsão de aumento no Bolsa Família para 2026. Ainda assim, o debate do tema deve dominar a corrida eleitoral.
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