O Governo Federal estuda meios de aquecer a economia após o fim do auxílio emergencial e já estuda uma nova linha de crédito para quem foi beneficiado pelo programa. Resistente quanto à prorrogação do auxílio, o governo estuda via Caixa Econômica Federal abrir uma linha de microcrédito para trabalhadores autônomos e informais que receberam as parcelas do auxílio no ano passado. A taxa mensal de juros ainda não foi definida no novo programa, mas seria bem abaixo dos valores atuais praticados pelo mercado.

O limite seria de até R$ 5 mil por beneficiário do programa, valor ainda não oficialmente divulgado, levando em conta o histórico de pagamentos da pessoa nos scores de crédito e o potencial de honrar os pagamentos. A liberação vai depender ainda da análise de crédito da Caixa.

Após o fim do auxílio, 48 milhões de pessoas ficaram sem renda alguma neste início de 2021 e a pandemia ainda não cessou. Pelo contrário, mesmo com a vacina chegando ainda de forma parcial a população, mais de 1.000 pessoas morrem diariamente no país.

Empréstimo Caixa para quem recebeu auxílio deve ter média de R$ 1 mil

O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, falou sobre a linha de crédito no canal oficial do banco no YouTube. Segundo eie, esse valor seria um empréstimo "barato e facilitado". Com a criação das contas digitais e o uso do Caixa Tem, essa liberação ocorreria de maneira automática após a aprovação.

A medida já foi analisada pelo ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, e vem sendo amplamente discutida entre Governo Federal e Banco Central. Seriam cerca de R$ 10 bilhões de reais para essa nova linha de crédito, que beneficiaria aproximadamente 10 milhões de microempreendedores que poderiam abrir, manter ou expandir o seu pequeno negócio. O valor médio estimado de liberação seria de R$ 1 mil, podendo ser elevado após análise.

Caso o novo formato tenha boa procura, a Caixa Econômica Federal já estuda elevar para R$ 25 bilhões o valor destinado a essa nova modalidade de empréstimo, ainda a ser oficialmente anunciada pelo governo.

Fim do auxílio emergencial?

Até agora, mesmo pressionado diariamente pelo Congresso Nacional para estender o benefício, o Governo Federal não deve mesmo prorrogar os pagamentos do auxílio emergencial. Para a equipe econômica, não há fundos para continuar pagando o auxílio, visto que o déficit do governo no ano passado passou de R$ 124,1 bilhões no início de 2020 para R$ 844 bilhões com a pandemia, após o decreto de calamidade pública dispensar o governo de cumprir a meta.

As medidas de enfrentamento à crise gerada pela pandemia de covid-19 chegaram a R$ 600 bilhões com a ajuda a estados, municípios e a população em geral por meio do auxílio emergencial; e também pela diminuição de receitas na casa de R$ 20 bilhões após a baixa atividade econômica. Os gastos da máquina pública foram os responsáveis pelo restante do déficit.

Congresso quer pautar prorrogação

Recentemente o presidente Jair Bolsonaro deu entrevista ironizando a prorrogação do auxílio em 2021. "Aqui alguns querem torná-lo definitivo [auxílio]. Vamos pagar para todo mundo R$ 5 mil por mês, ninguém trabalha mais, fica em casa", citou. Recentemente, Bolsonaro afirmou que o país estava "quebrado" e que a reabertura das cidades iria reaquecer a economia, não precisando prorrogar o auxílio este ano.

No Congresso Nacional, tanto na Câmara quanto no Senado, há vários projetos de lei que querem estender os pagamentos do auxílio emergencial. Os dois principais candidatos à presidência da Câmara dos Deputados em 2021 - pleito que ocorre no dia 1º de fevereiro - Arthur Lira (PP-AL) e Baleia Rossi (MDB-SP) já anunciaram também que são favoráveis a prorrogação do auxílio neste início de 2021.