O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, desacelerou para 0,61% em abril, após atingir alta de 0,71% no mês de março. Os dados divulgados nesta sexta-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que a inflação acumula alta de 2,72% no ano e de 4,18% nos últimos 12 meses.

Segundo o IBGE, todos os nove grupos de produtos e serviços pesquisados apresentaram alta, com destaque para Saúde e cuidados pessoais que teve a maior variação (1,49%), influenciado pela alta nos produtos farmacêuticos decorrente da autorização do reajuste no preços dos medicamentos a partir de 31 de março, explicou o analista de pesquisa André Almeida.

Também foi registrada alta de 1,20% nos preços dos planos de saúde, com a incorporação de frações mensais dos reajustes dos planos de saúde para o ciclo de 2022 a 2023. Confira a variação de cada grupo abaixo.

Mesmo permanecendo em ritmo de desaceleração, o IPCA registrado em abril ficou acima do esperado pelo mercado, com projeções de inflação de 0,55% pela agência Bloomberg, principalmente pela alta dos medicamentos, setor de alimentação e passagens aéreas.

Se o índice se mantiver dessa forma, ela deve encerrar o ano na casa dos 8%. O maior desafio do governo será nos meses de julho, agosto e setembro deste ano, quando no ano passado houve deflação.

Meses IPCA de 2022 IPCA de 2023
Janeiro 0,54 0,53
Fevereiro 1,01 0,84
Março 1,62 0,71
Abril 1,06 0,61
Maio 0,47 -
Junho 0,67 -
Julho -0,68 -
Agosto -0,36 -
Setembro -0,29 -
Outubro 0,59 -
Novembro 0,41 -
Dezembro 0,62 -
Acumulado no ano 5,79 2,72%

Alta na alimentação e passagens aéreas

Segundo os dados do IBGE, outro grupo que contribuiu para o resultado do IPCA de abril foi o de Alimentação e bebidas, com aceleração de 0,05% em março para 0,71% em abril. A principal colaboração foi da alimentação no domicílio, que passou havia apresentado deflação no mês anterior (-0,14%) e teve alta de 0,73% em abril.

Entre os itens com maior impacto nos preços estão o tomate (10,64%), o leite longa vida (4,96%) e o queijo (1,97%). Entre os alimentos em queda, destaque para a cebola (-7,01%) e o óleo de soja (-4,44%).

Já a alimentação fora do domicílio variou 0,66%, acima da variação de março (0,60%). O lanche desacelerou de 1,09% para 0,93%, enquanto a refeição fez o caminho inverso, e saiu de 0,41% para 0,51%.

Desaceleração nos transportes

A inflação no grupo de Transportes desacelerou e teve alta de 0,56%, contribuindo com 0,12 p.p. para o IPCA de abril. Em março, a variação havia sido de 2,11%. "Contribuíram para esse resultado a queda de 0,44% dos combustíveis, que haviam registrado alta de 7,01% em março", justifica Almeida. Apenas o etanol (0,92%) subiu no mês enquanto óleo diesel (-2,25%), gás veicular (-0,83%) e gasolina (-0,52%) tiveram queda nos preços.

As passagens aéreas subiram 11,97% em abril, após queda de 5,32% em março, e foram o subitem com maior impacto na inflação geral. Já as tarifas de metrô subiram 1,24%, pressionadas pelo reajuste de 6,15% no Rio de Janeiro (3,54%) a partir do dia 12 de abril.

A alta de 1,11% em ônibus urbano foi influenciada pelos aumentos de 15,75% em Fortaleza (9,16%) a partir de 19 de março, e de 33,33% em Belo Horizonte (6,67%), a partir de 23 de abril. Os preços dos ônibus intermunicipais caíram 0,25%, embora tenham registrado reajuste médio de 5,77% em Campo Grande (5,58%), a partir de 1º de abril.

IPCA por região

Confira a comparação dos resultados do mês anterior (março) com o percentual divulgado pelo IBGE em abril de acordo com cada região:

Março de 2023 Abril de 2023
Brasil 0,71 0,61
Rio Branco (AC) 0,54 0,64
São Luís (MA) 0,73 0,53
Aracaju (SE) 0,70 0,39
Campo Grande (MS) 0,68 0,89
Goiânia (GO) 1,02 0,77
Brasília (DF) 1,11 0,56
Belém (PA) 0,84 0,56
Fortaleza (CE) 0,35 0,56
Recife (PE) 0,62 0,16
Salvador (BA) 0,44 0,50
Belo Horizonte (MG) 0,39 0,60
Grande Vitória (ES) 0,84 0,31
Rio de Janeiro (RJ) 0,64 0,85
São Paulo (SP) 0,58 0,67
Curitiba (PR) 1,03 0,57
Porto Alegre (RS) 1,25 0,49

A tabela completa pode ser conferida no site do IBGE