Uma série de cortes em benefícios pode levar os cerca de 100 mil funcionários dos Correios a entrar em greve no mês de agosto. Em negociações para um novo acordo coletivo, a direção da empresa estatal apresentou aos trabalhadores uma proposta que foi intitulada pelos funcionários como "pacote da maldade", em que foram sugeridos o fim de benefícios que não estão previstos na CLT, como um vale-alimentação de R$ 1 mil pago em dezembro, chamado de vale-peru, licença-maternidade de 180 dias e vale-cultura.

A adequação à CLT defendida pela diretoria dos Correios inclui ainda o fim do auxílio creche e do adicional de 70% sobre férias, além da distribuição de joelheira e meias de compressão, entre outros benefícios. De acordo com o presidente dos Correios, general Floriano Peixoto, a proposta é condizente com a realidade e a situação financeira do país e que, em um contexto de pandemia, os benefícios estão "fora da realidade".

A estimativa é de que com os cortes sugeridos os Correios atinjam uma economia anual de R$ 600 milhões. O presidente da estatal afirma que sem os ajustes apontados ocorrerá um "grave comprometimento" no caixa da empresa.

"É indispensável, aos empregados, a conscientização quanto ao momento dos Correios e do país: uma eventual paralisação, mesmo que breve, prejudicará ainda mais a empresa e, consequentemente, todos os que dela dependem", reforçou Peixoto.

Os 31 sindicatos que pertencem à Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares, a Fentect, vão decidir em assembleia no dia 04 de agosto se haverá a necessidade de deflagração da greve ou não. Em nota no site, a Federação defende que o período de pandemia serviu para reforçar a importância dos Correios para a economia do micro, pequeno e médio empresários.

"Graças ao trabalho e empenho de milhares de ecetistas e do amparo logístico e social dessa empresa secular, foi possível minimizar essa crise humanitária e sanitária que atingiu em cheio a economia nacional", ressalta a Federação em nota.

O piso salarial de um Carteiro nos Correios é de R$ 1,7 mil, no entanto com todos os auxílios e gratificações que o cargo tem, a média de custo da ECT fica na casa dos R$ 4 mil já no início de carreira.

O último grande concurso dos Correios ocorreu em 2011, quando 9.097 vagas foram abertas em todos os estados do país. Foram 8.346 para cargos de nível médio e 751 para profissionais de nível médio/técnico e superior.

Para candidatos com formação de Nível Superior na respectiva área as vagas envolveram cargos de Administrador, advogado, analista de sistemas, arquiteto, assistente social, bibliotecário, contador, economista, engenharia civil, engenheiro de produção, engenheiro elétrico, engenheiro eletrônico, engenheiro mecânico, engenheiro de redes de comunicação, estatístico, museólogo, pedagogo, psicólogo, arquivologista, graduados em comércio exterior, desenho industrial, designer gráfico, história, letras, jornalismo, publicidade e propaganda, relações públicas, enfermagem, engenharia, medicina, medicina clínica geral e odontologia.

O salário base na época era de R$ 3.211,58 mais vale-alimentação/refeição, vale-transporte, auxílio-creche ou auxílio Babá, auxílio para filhos(as) dependentes portadores de deficiência física, assistência médica e odontológica ambulatorial extensiva aos seus dependentes legais.

Candidatos de nível médio puderam concorrer aos cargos de atendente comercial (2.272 vagas), Carteiro (5.060 vagas) e Operador de triagem e transbordo (1.014 vagas). A remuneração na época era de R$ 807,29, mais os beneficíos citados acima - veja como foi o último grande concurso.

Privatização

Na última semana, o secretário de desestatização do Ministério da Economia, Salim Mattar, anunciou que o governo pretende privatizar, pelo menos, 12 estatais ano que vem. Entre as empresas previstas para serem desestatizadas em 2021 estão os Correios, no entanto, o governo precisará da aprovação do Congresso Nacional para das prosseguimento ao projeto.