Trabalhadores dos Correios entraram em greve por tempo indeterminado. Assembleias realizadas na noite da última terça-feira (10) em vários estados deflagraram uma nova greve. Unidades dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Sergipe e Tocantins já paralisaram as atividades. A assessoria de imprensa dos Correios diz que a greve é "parcial".

A categoria busca por acordos sobre reajustes, participação em convênios médicos e não quer a privatização da empresa. A direção dos Correios ofereceu reajuste salarial de 0,8% e a exclusão de pais como dependentes no plano de saúde dos funcionários e aumento na coparticipação do plano, que hoje está por volta de 30%. Segundo a ECT, isso amenizaria o prejuízo bilionário.

A Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores dos Correios (Findect) citou que a categoria de trabalhadores da ECT se mostrou consciente da gravidade da situação que enfrenta e decretou greve por tempo indeterminado. A decisão foi uma exigência para defender os direitos conquistados em anos de lutas.

Segundo a Federação, a direção dos Correios se negou a negociar com os trabalhadores. Confira o que disse a Findect em seu site:

"A direção da ECT e o governo querem reduzir radicalmente salários e benefícios para diminuir custos e privatizar os Correios. Entregar o setor postal a empresários loucos por lucro. Jogar no lixo o atendimento a todos os cidadãos, a segurança nacional envolvida nas operações, a integração nacional promovida pelos Correios. Infelizmente não restou alternativa. Para manter nosso Acordo Coletivo, repor as perdas aos salários e manter os empregos vamos ter que lutar. E tem que ser todo mundo junto e unido em cada setor e nacionalmente"

O que diz a estatal

A empresa se manifestou publicamente e divulgou um comunicado nesta manhã. Confira:

"Os Correios participaram de dez encontros na mesa de negociação com os representantes dos trabalhadores, quando foi apresentada a real situação econômica da estatal e propostas para o Acordo dentro das condições possíveis, considerando o prejuízo acumulado na ordem de R$ 3 bilhões. Mas as federações, no entanto, expuseram propostas que superam até mesmo o faturamento anual da empresa, algo insustentável para o projeto de reequilíbrio financeiro em curso pela empresa"

Privatização

Em abril deste ano o presidente Jair Bolsonaro já havia anunciado por meio de uma publicação em sua conta pessoal no Twitter, que o Governo está estudando a privatização dos Correios. Sem concursos para a área operacional desde 2011, uma nova seleção pública no órgão não deverá mais ocorrer.

Com 356 anos de existência, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é subordinada hoje ao Ministério das Comunicações, Ciência, Tecnologia e Inovação. Após prejuízos registrados entre 2013 e 2016, a estatal registrou lucro de R$ 161 milhões em 2017 e de R$ 667,3 milhões em 2018.

A recuperação financeira ocorreu após lançamento de ações da empresa como renegociação de dívidas, revisão de contratos, redução de custos com pessoal, mudanças na rede de atendimento e cobrança de novas taxas.

Concurso Correios

O último grande concurso dos Correios ocorreu em 2011, quando uma grande seleção abriu 9.190 vagas distribuídas entre as carreiras de carteiro, atendente, operador de triagem e transbordo, analista de correios, médico do trabalho, auxiliar de enfermagem do trabalho, técnico em segurança do trabalho, analista de saúde, engenheiro de segurança do trabalho e enfermeiro do trabalho, com salários que variavam entre R$ 1.003,57 e R$ 3.211,58, sem incluir os benefícios oferecidos pela instituição.

Já em 2017, outra seleção ofertou 88 vagas de níveis técnico e superior na área de saúde e segurança do trabalho. As oportunidades foram para Auxiliar de Enfermagem, Técnico de Segurança do Trabalho, Enfermeiro do Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho e Médico do Trabalho. Os salários dos cargos variavam entre R$ 1.876,43 e R$ 4.903,05, além de benefícios.