A equipe técnica do governo estuda a criação de um voucher de R$ 400 mensais destinado para os caminhoneiros e um aumento no valor do Auxílio Gás dos Brasileiros como forma de amenizar o reflexo da alta dos combustíveis no bolso dos brasileiros.

Segundo o jornal Folha de S. Paulo, os detalhes da medida foram acertados em reunião realizada na terça-feira (21) entre os ministros da Casa Civil, Ciro Nogueira, e os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Na última sexta-feira, 17, a estatal anunciou um novo aumento de 5,18% na gasolina e 14,26% no valor do diesel, após quase cem dias com o preço congelado nas refinarias da Petrobras.

Pensando no impacto que um novo reajuste nos preços dos combustíveis pode trazer para a sua campanha eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro considerou a decisão uma "traição com o povo brasileiro", levando ao pedido de renúncia do presidente da estatal, José Mauro Coelho na segunda-feira, 20 de junho.

O governo estuda a inclusão da medida em uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), mas a ideia segue em análise da Advocacia Geral da União (AGU) para garantir que não haja violação da lei eleitoral.

Se aprovado, o auxílio-caminhoneiro deve contemplar entre 700 e 900 mil profissionais autônomos com um benefício de R$ 400.

Vale-Gás em dobro

Já no caso do vale-gás, o governo tem estudado reduzir o intervalo de pagamento das parcelas - que são depositadas a cada dois meses - ou dobrar o valor do benefício pago às famílias, que gira em torno de R$ 50 reais.

A medida deve custar cerca de R$ 6 bilhões aos cofres públicos, sendo R$ 4 bilhões para a criação do auxílio-caminhoneiro e R$ 2 bilhões para o vale gás. A previsão é que a medida teria duração até 31 de dezembro.

Atualmente, o governo destina R$ 301,2 milhões mensalmente para o pagamento do vale gás para 5,68 milhões de famílias (dados da folha de pagamento de junho).

"Caminhoneiro precisa de dignidade", diz líder do movimento

Após a notícia de que o governo estaria estudando a concessão de um benefício aos caminhoneiros, o presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (ABRAVA), Wallace Landim, criticou a posição do governo em tentar amenizar a crise com a categoria.

Landim, também conhecido como "Chorão", declarou que o presidente Jair Bolsonaro e o presidente da Câmara dos Deputados estão "totalmente perdidos".

"Voucher caminhoneiro volta novamente essa discussão pelo presidente da Casa, Arthur Lira, de R$ 400 para a categoria... Eu quero perguntar para o Lira se ele não tem um amigo caminhoneiro no estado dele para fazer essa pergunta e não passar essa vergonha", declarou Chorão.

Segundo o profissional, que foi líder da greve realizada em 2018, caminhoneiro não precisa de esmola e sim de dignidade. "Presidente, tenha coragem, responsabilidade. Se precisar de uma caneta BIC eu compro uma pro senhor", finalizou Landim.