As recentes discussões sobre a nova taxação para compras realizadas no exterior, especialmente em plataformas como Shein, Shopee e AliExpress, já estão causando impactos no setor.

De acordo com dados divulgados pela Vixtra, fintech de comércio exterior, com base em informações do Banco Central, o consumo dos brasileiros teve uma queda de 25% nessas plataformas, em relação aos valores de receita de março. Isso representa uma redução de US$ 237 milhões no montante transacionado, que passou de US$ 938 milhões em março para US$ 701 milhões em abril.

Em comparação com o mesmo período do ano anterior, as compras apresentaram uma queda de 20%, o que resultou em uma perda de aproximadamente US$ 177 milhões para as empresas.

Consumidores temem cobranças adicionais

Um dos principais motivos para essa queda é o receio de serem cobrados valores mais altos na chegada dos produtos, além da falta de atratividade dos preços. Isso ocorre porque a possibilidade de aumento nos impostos impacta diretamente o preço final dos produtos.

Leonardo Baltieri, co-CEO da Vixtra, destaca que a desaceleração não prejudica apenas os consumidores, mas também as empresas brasileiras. Ele ressalta que outros agentes do setor, como empresas de logística e transporte, também podem ser impactados, mesmo que em menor proporção. Isso ocorre devido à diminuição da demanda por entrega desses produtos.

Governo ainda vai taxar compras da Shein e Shopee?

Recentemente, o governo federal anunciou mudanças com o intuito de combater a sonegação de impostos no comércio eletrônico, o que gerou preocupação entre os brasileiros em relação à possível taxação de produtos adquiridos em marketplaces estrangeiros, como é o caso da Shein.

Uma das medidas adotadas pela Receita Federal foi o fim da isenção de cobrança de imposto sobre remessas internacionais de até US$ 50. Anteriormente, essa regra beneficiava apenas transações entre pessoas físicas sem fins comerciais, como as compras realizadas em sites de comércio eletrônico.

Essa mudança tem deixado muitos consumidores confusos sobre as regras de tributação para compras realizadas no exterior, já que, de acordo com a legislação brasileira, todas as importações devem ser taxadas, com exceção de alguns produtos específicos, como livros e remédios.

O motivo pelo qual o governo passará a taxar compras realizadas na Shein, por exemplo, está relacionado aos esforços para aumentar a arrecadação e viabilizar a nova estrutura fiscal. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, espera arrecadar até R$ 8 bilhões com medidas de combate ao que ele chama de "contrabando".

Embora tenham surgido discussões sobre o assunto nas redes sociais, o Ministério da Fazenda divulgou um comunicado negando que se trate da criação de um imposto sobre compras de importados feitas online, mas sim de um reforço na fiscalização da tributação que já é prevista por lei. O resultado disso é que muitos brasileiros estão sendo sim taxados e isso acaba desestimulando a compra recorrente nestas lojas internacionais.

Nos bastidores, o presidente Lula conversa com o Ministério da Fazenda para manter a isenção nas compras de até US$ 50. A taxação de compras de baixo valor é considerada impopular perante sua base eleitoral e isso preocupa.