A fim de conter os impactos do aumento repentino das tarifas de importação dos Estados Unidos, o governo federal anunciou nesta quarta-feira, 13 de agosto, um pacote de medidas de apoio ao setor produtivo nacional.
A iniciativa, batizada de Plano Brasil Soberano, prevê a liberação de R$ 30 bilhões em crédito e será viabilizada por meio de uma medida provisória, com foco especial em empresas e trabalhadores afetados pelo chamado "tarifaço" de 50% decretado pelo governo norte-americano.
O anúncio foi feito no Palácio do Planalto, em meio a um cenário de tensão comercial e política. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, classificou a situação como inédita e afirmou que o Brasil está sendo penalizado por manter princípios democráticos.
"Estamos numa situação muito inusitada. O Brasil é um país que está sendo sancionado por ser mais democrático que o seu agressor. É uma situação incomum no mundo. Um país que não persegue adversários, não persegue a imprensa, não persegue universidades ou imigrantes, está sujeito a uma retaliação injustificável do ponto de vista político e econômico", declarou Haddad.
Segundo o ministro, a postura do governo será de enfrentamento e superação. "Já atravessamos crises difíceis e vamos superar mais essa, imposta de fora para dentro, infelizmente com o apoio de alguns setores radicalizados da nossa própria sociedade", acrescentou. Veja a publicação no perfil do Instagram do Governo Federal:
Prioridade para pequenos negócios e produtos perecíveis
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou que a prioridade do pacote será atender pequenas e médias empresas, especialmente aquelas que exportam alimentos perecíveis e produtos de baixo prazo de estocagem.
"Estamos pensando em ajudar as pequenas empresas que exportam espinafre, frutas, mel e máquinas. As grandes companhias têm mais fôlego para resistir. Queremos mostrar que ninguém ficará desamparado pela taxação do presidente Trump", disse Lula, em entrevista à Band News na terça-feira (12).
Além do crédito, o plano contempla ações para preservação de empregos e busca de novos mercados para empresas que perderem espaço nos EUA. O governo também pretende fornecer suporte técnico e diplomático para ampliar o alcance das exportações brasileiras.
"Vamos cuidar dos trabalhadores dessas empresas e buscar mercados alternativos. Estamos enviando a outros países a lista das empresas que vendiam para os EUA, porque nosso lema é: ninguém larga a mão de ninguém", reforçou o presidente.
Crédito será emergencial
O financiamento será viabilizado por meio de crédito extraordinário ao Orçamento, fora do limite de gastos do arcabouço fiscal, modelo semelhante ao adotado para o socorro às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul no ano passado.
Antes mesmo do anúncio, o governo já vinha atuando para reduzir os efeitos da medida norte-americana. Segundo dados oficiais, o Brasil conseguiu negociar a exclusão de 694 produtos da lista afetada pelo aumento tarifário, o que representa 45% das exportações brasileiras para os EUA.
O Plano Brasil Soberano não se limita à reação imediata. Ele também propõe uma reestruturação do sistema de financiamento à exportação, com o objetivo de fortalecer a competitividade brasileira e diminuir a vulnerabilidade a medidas unilaterais no comércio internacional.
Entre março e julho deste ano, foram realizadas 11 reuniões com autoridades norte-americanas, além de uma missão de negociação em março e o envio de uma proposta formal em maio. O governo afirma que segue aberto ao diálogo, mas mantém a determinação de proteger a produção e o emprego nacionais.
"O Brasil está do lado do seu povo e dos trabalhadores. Defenderemos nossa economia com firmeza e responsabilidade, sempre buscando soluções que preservem nossos interesses estratégicos", concluiu o ministro Haddad.
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