Os funcionários da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - Correios anunciaram que vão paralisar as atividades a partir desta quarta-feira, 31 de julho. A decisão veio depois de reunião da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares - Fentect com a diretoria da empresa na manhã de 30 de julho. Uma nova reunião deve ocorrer nos próximos dias.

Na redes sociais, a líder do governo na Câmara, Deputada Joice Hasselmann, se pronunciou 

De acordo com Fischer Moreira, secretário de imprensa da Fentect, a categoria protesta contra o baixo "reajuste salarial e contra a retirada de direitos históricos da categoria".

A categoria busca por acordos sobre reajustes e de participação em convênios médicos. Uma das alterações propostas pela empresa é a exclusão de pais como dependentes no plano de saúde dos funcionários e aumento na coparticipação do plano, que hoje está por volta de 30%. O reajuste salarial proposto é de 0,8%, valor considerado irrisório pela federação.

Veja a nota divulgada pela FENTECT

O Comando Nacional de Mobilização e Negociação (CNMN) da FENTECT rejeitou de pronto a proposta de reajuste econômico. Consideramos taticamente temerário precipitar quaisquer informações que ainda não tenham conteúdo de propostas oficiais, considerando ainda, a necessidade de submeter a proposta oficial do TST à decisão soberana das assembleias, pela sua rejeição ou aprovação, este CNMN, reunido na noite de ontem (30.07), por ampla maioria, decidiu orientar as Assembleias desta quarta-feira (31/07) a:
REJEITAR, na íntegra, a proposta econômica da ECT (0.8%) para reajuste de salários e
benefícios, bem como a retirada dos direitos históricos garantidos em Acordo Coletivo de Trabalho;
Manter o ESTADO DE GREVE e aumentar o nível de mobilização e informações diariamente nos setores de trabalho em nível nacional;
Realizar NOVAS ASSEMBLEIAS NO DIA 07 DE AGOSTO para apreciação da proposta a ser apresentada pelo TST na referida Audiência de Conciliação, e decidir sobre a Greve Nacional por tempo indeterminado.

Em abril deste ano o presidente Jair Bolsonaro já havia anunciado por meio de uma publicação em sua conta pessoal no Twitter, que o Governo está estudando a privatização dos Correios. Sem concursos para a área operacional desde 2011, com isso, uma nova seleção pública no órgão não irá mais ocorrer.

Sobre o órgão

Com 356 anos de existência, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é subordinada hoje ao Ministério das Comunicações, Ciência, Tecnologia e Inovação. Após prejuízos registrados entre 2013 e 2016, a estatal registrou lucro de R$ 161 milhões em 2017 e de R$ 667,3 milhões em 2018.

A recuperação financeira ocorreu após lançamento de ações da empresa como renegociação de dívidas, revisão de contratos, redução de custos com pessoal, mudanças na rede de atendimento e cobrança de novas taxas.

Vagas

De acordo com a portaria nº 621, publicado no dia 21 de janeiro de 2019, o Ministério da Economia, através da Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital e Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais fixou o limite máximo do quadro de pessoal próprio da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - Correios.

De acordo com o documento, o limite era de 106 mil funcionários, sendo 105.211 do quadro permanente e 789 do quadro de anistiados.

A portaria prevê que compete à empresa gerenciar seu quadro próprio de pessoal, praticando atos de gestão para repor empregados desligados do quadro funcional, desde que sejam observados os limites ora estabelecidos, as dotações orçamentárias aprovadas para cada exercício, bem como as demais normas legais pertinentes.

Últimos concursos

Os últimos concursos para os Correios aconteceram em 2011 e 2017.

Em 2011, a seleção contou com um edital com 9.190 vagas distribuídas entre as carreiras de carteiro, atendente, operador de triagem e transbordo, analista de correios, médico do trabalho, auxiliar de enfermagem do trabalho, técnico em segurança do trabalho, analista de saúde, engenheiro de segurança do trabalho e enfermeiro do trabalho, com salários que variavam entre R$ 1.003,57 e R$ 3.211,58, sem incluir os benefícios oferecidos pela instituição.

O certame foi organizado pelo Cespe/UnB, que organizou provas objetivas compostas de 120 questões, sendo 50 de conhecimentos básicos - divididas nos temas de língua portuguesa, inglês (para alguns cargos), informática e administração pública - e 70 de conhecimentos específicos - saiba mais.

Já em 2017, foram apenas 88 vagas de níveis técnico e superior na área de saúde e segurança do trabalho. As oportunidades foram distribuídas da seguinte forma: 12 para Auxiliar de Enfermagem do Trabalho Júnior; 21 vagas para Técnico de Segurança do Trabalho Júnior; 2 vagas para Enfermeiro do Trabalho Júnior; 9 vagas para Engenheiro de Segurança do Trabalho Júnior; 44 vagas para Médico do Trabalho Júnior. Os salários dos cargos variavam entre R$ 1.876,43 e R$ 4.903,05, além de benefícios - veja mais.

A banca organizadora na ocasião foi o IADES, que aplicou provas objetivas com 50 questões de língua portuguesa, conhecimentos básicos (raciocínio lógico e matemático, noções de informática e legislação aplicada aos Correios), além de conhecimentos específicos.