Milhões de brasileiros ainda têm "dinheiro esquecido" no sistema financeiro. Segundo dados mais recentes divulgados pelo Banco Central (BC) nesta terça-feira, 8 de julho, cerca de R$ 10,1 bilhões permanecem disponíveis para resgate no Sistema de Valores a Receber (SVR). A ferramenta já devolveu R$ 10,7 bilhões aos correntistas desde sua criação, com um montante de R$ 315 milhões retirados apenas em maio deste ano.

O SVR foi desenvolvido pelo Banco Central como uma plataforma digital e gratuita, permitindo que qualquer cidadão (pessoa física ou jurídica) consulte se possui valores esquecidos em bancos, cooperativas de crédito, corretoras ou consórcios.

Ainda posso sacar meus valores esquecidos?

Sim, o resgate continua disponível de forma permanente e sem custo. O sistema está ativo e em funcionamento contínuo, sendo possível consultar e solicitar o saque dos valores a qualquer momento.

É importante destacar que não há prazo limite para a retirada desses recursos. Assim, mesmo que você não tenha realizado a consulta nas etapas anteriores do SVR, ainda pode verificar se há valores disponíveis em seu nome e resgatá-los.

Como consultar valores a receber no Banco Central?

A consulta é simples e pode ser feita em poucos minutos. Veja o passo a passo:

  1. Acesse o site oficial: https://valoresareceber.bcb.gov.br;
  2. Clique em "Consulte valores a receber";
  3. Informe seu CPF e data de nascimento (ou CNPJ e data de abertura, no caso de empresas);
  4. Caso haja valores, será indicado como proceder para o saque.

Importante: a consulta inicial não exige login. Entretanto, para solicitar o resgate, será necessário acessar a conta Gov.br com nível prata ou ouro e autenticação em duas etapas.

Como solicitar o saque dos valores?

Após consultar e identificar valores disponíveis, o cidadão tem duas opções:

  • Solicitação direta à instituição financeira: Caso o banco ou entidade financeira ofereça essa opção, o sistema indicará que o contato deve ser feito diretamente com ela.
  • Solicitação pelo próprio sistema SVR: O usuário poderá concluir a solicitação de devolução diretamente na plataforma, desde que tenha conta Gov.br adequada.

Em casos de valores pertencentes a pessoas falecidas, o saque pode ser feito por herdeiros, inventariantes, representantes legais ou testamentários. O sistema permitirá o acesso mediante termo de responsabilidade assinado com a conta pessoal do Gov.br.

Solicitação automática: novidade para pessoas físicas

Desde maio, o Banco Central implementou uma função inédita: a solicitação automática de resgate. Com essa funcionalidade, quem optar por ativá-la não precisará mais consultar o sistema com frequência. O dinheiro será creditado automaticamente na chave Pix CPF, quando disponibilizado por instituições financeiras.

Esse recurso, por enquanto, está disponível apenas para pessoas físicas e depende de adesão voluntária. A configuração pode ser feita diretamente na área logada do SVR.

Que tipos de valores podem ser recuperados?

Diversos tipos de recursos podem estar disponíveis para resgate. Entre os mais comuns estão:

  • Saldos de contas-corrente ou poupança encerradas;
  • Tarifas ou parcelas de crédito cobradas indevidamente;
  • Recursos de consórcios encerrados;
  • Cotas de capital de cooperativas de crédito;
  • Saldos de contas de pagamento pré ou pós-paga;
  • Valores mantidos em corretoras ou distribuidoras;
  • Outras devoluções pendentes em instituições financeiras.

Quem já sacou e quem ainda tem valores disponíveis?

Até maio de 2025, mais de 31 milhões de brasileiros já resgataram algum valor pelo SVR. No entanto, quase 48 milhões de pessoas e empresas ainda não realizaram o saque. Os números são:

  • 43,9 milhões de pessoas físicas;
  • 4,2 milhões de empresas.

A maioria tem direito a pequenas quantias:

  • Até R$ 10: 62,84% dos casos;
  • Entre R$ 10,01 e R$ 100: 25,06%;
  • Entre R$ 100,01 e R$ 1.000: 10,21%;
  • Acima de R$ 1.000: apenas 1,89%.

Atenção a golpes

Com o aumento da procura pelo SVR, também cresceu o número de golpes. O Banco Central alerta que não envia mensagens, e-mails ou links para consulta ou saque. Nenhum serviço do SVR exige pagamento ou intermediário.

Fique atento:

  • Nunca compartilhe senhas, dados bancários ou códigos de verificação;
  • O BC não entra em contato por telefone, e-mail ou redes sociais;
  • Apenas o banco listado na consulta pode entrar em contato com você, e mesmo assim, com cautela;
  • Evite clicar em links de origem desconhecida.

Se desconfiar de um golpe, não forneça informações pessoais e denuncie às autoridades.