O Governo Federal intensificou neste segundo semestre o processo de verificação e atualização de dados das famílias que recebem o Bolsa Família, e os efeitos já começaram a aparecer.

Após uma ampla revisão cadastral conduzida pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), mais de 1,1 milhão de famílias tiveram o pagamento bloqueado em outubro. A medida faz parte da Ação de Qualificação Cadastral 2025, que tem o objetivo de garantir que apenas quem realmente se enquadra nos critérios sociais receba o benefício.

De acordo com dados divulgados pela Secretaria Nacional de Renda de Cidadania (Senarc), o mês de outubro registrou 7,82% de interrupções temporárias (bloqueios, suspensões e cancelamentos) entre as 18,9 milhões de famílias atendidas pelo programa. No total, 1.480.339 famílias foram afetadas de alguma forma pelas ações de controle e verificação.

A maior parte das interrupções corresponde aos bloqueios temporários, aplicados a 1.116.688 famílias por inconsistências cadastrais detectadas durante a revisão. Essas famílias terão o pagamento suspenso até que realizem a atualização dos dados junto ao Cadastro Único (CadÚnico).

Revisão Cadastral 2025: o que motivou os bloqueios

A Revisão Cadastral é uma etapa obrigatória de manutenção do Bolsa Família e deve ser feita a cada dois anos por todos os beneficiários. Em 2025, o Governo Federal intensificou esse processo por meio da Ação de Qualificação Cadastral, regulamentada pela Instrução Normativa Conjunta, publicada em 26 de fevereiro deste ano.

O procedimento busca atualizar informações de 6,3 milhões de famílias, sendo cerca de 4 milhões beneficiárias do Bolsa Família. Ele envolve duas etapas principais:

  • Averiguação Cadastral, que identifica inconsistências ou divergências nos dados de renda, composição familiar e endereço;
  • Revisão Cadastral, que exige a atualização dos dados obrigatoriamente a cada dois anos.

Desde julho, o não comparecimento para atualizar o cadastro tem consequências diretas: após três meses de convocação sem resposta, o benefício é bloqueado. Se a família continuar sem se apresentar nos dois meses seguintes, o cancelamento definitivo é efetuado.

O Governo reforça que todas as famílias são notificadas previamente, com mensagens enviadas no extrato de pagamento, aplicativo Caixa Tem e nos canais oficiais do MDS.

Cancelamentos e suspensões: entenda as diferenças

Além dos bloqueios temporários, o MDS também registrou 58 mil famílias com benefícios suspensos em outubro, número que reflete o descumprimento reiterado das condicionalidades do programa, como a frequência escolar mínima das crianças e o acompanhamento de saúde e vacinação.

Outras 305 mil famílias tiveram seus benefícios cancelados, em sua maioria por não comparecerem às convocações para atualização cadastral dentro do prazo estabelecido. Parte dessas exclusões também está relacionada ao fim da Regra de Proteção, mecanismo que permite a permanência temporária de famílias que tiveram aumento de renda, até o limite de R$ 706 por pessoa, por no máximo dois meses.

Famílias que regularizarem seus dados em até seis meses após o bloqueio podem ter o benefício restabelecido, desde que ainda atendam aos critérios do programa. Para isso, é necessário procurar o CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) do município ou o setor responsável pelo CadÚnico.

Perfil das famílias beneficiárias

O levantamento do MDS mostra que 84% das famílias do Bolsa Família têm mulheres como responsáveis e que 58,5% dos beneficiários são meninas ou mulheres. Esses dados reforçam o caráter social do programa, voltado principalmente à proteção de mães e crianças em situação de vulnerabilidade.

Em outubro, o programa atendeu mais de 49,4 milhões de pessoas em todo o país. A transferência de renda mensal é considerada essencial para a segurança alimentar e para a manutenção de políticas públicas de combate à pobreza extrema.

Mesmo com o grande número de bloqueios, o governo também anunciou a entrada de 36 mil novas famílias no programa no mês de outubro, substituindo beneficiários desligados e garantindo que os recursos continuem chegando a quem realmente precisa.

Bolsa Família de novembro começa dia 14

Mesmo com os bloqueios e cancelamentos em curso, o calendário de pagamentos do Bolsa Família segue normalmente em novembro. O novo ciclo começa nesta sexta-feira, dia 14, com repasses escalonados conforme o final do Número de Identificação Social (NIS) de cada beneficiário.

Confira o calendário completo:

Final do NIS Data de Pagamento Dia da Semana
1 14 de novembro Sexta-feira
2 17 de novembro Segunda-feira
3 18 de novembro Terça-feira
4 19 de novembro Quarta-feira
5 21 de novembro Sexta-feira
6 24 de novembro Segunda-feira
7 25 de novembro Terça-feira
8 26 de novembro Quarta-feira
9 27 de novembro Quinta-feira
0 28 de novembro Sexta-feira

Os pagamentos são realizados pela Caixa Econômica Federal, e podem ser antecipados em municípios que decretaram situação de emergência ou calamidade pública, mediante reconhecimento do Governo Federal.