O salário mínimo é mais do que um simples número no orçamento do país, é a partir dele que são definidos benefícios previdenciários, trabalhistas e assistenciais, o que faz de seu reajuste um evento anual de grande impacto social e político.
Com a chegada do fim de 2025, brasileiros já estão preocupados para saber o valor do piso nacional para o próximo ano, que passará a valer a partir de janeiro de 2026, data em que entra em vigor. Segundo o governo federal, o objetivo é manter a política de valorização do salário mínimo, que busca recompor as perdas inflacionárias e garantir ganho real com base no crescimento econômico.
O valor previsto para 2026
De acordo com o projeto da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2026, enviado ao Congresso Nacional, o novo salário mínimo deve ser de R$ 1.631,00. O valor representa um acréscimo de R$ 113,00 em relação ao piso atual, que é de R$ 1.518,00, em vigor desde janeiro de 2025.
A correção considera a inflação acumulada medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos anteriores, conforme a política de valorização permanente restabelecida pelo governo.
O aumento percentual projetado é de 7,4%, um pouco abaixo do reajuste aplicado em 2025 (7,5%), mas ainda acima da inflação esperada para o ano, garantindo novamente um pequeno ganho real ao trabalhador. O valor ainda precisa ser aprovado pelo Congresso, mas já serve de referência para cálculos previdenciários e trabalhistas.
Quando o reajuste entra em vigor
O novo piso passará a valer oficialmente a partir de 1º de janeiro de 2026, e seu impacto será sentido nos pagamentos realizados em fevereiro, quando os salários de janeiro são depositados. Isso inclui tanto trabalhadores da iniciativa privada quanto aposentados, pensionistas e beneficiários de programas sociais que têm o salário mínimo como referência.
O reajuste automático também se aplica a diversos benefícios, como o seguro-desemprego, o abono salarial (PIS/Pasep) e o Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS), que não podem ter valor inferior ao piso nacional.
Quem é beneficiado diretamente
Segundo estimativas do Ministério da Fazenda, mais de 25 milhões de pessoas serão impactadas de forma direta pelo novo valor. Os aposentados e pensionistas que recebem o piso terão o aumento aplicado de forma automática. Já aqueles com rendimentos acima do mínimo terão reajuste baseado na inflação acumulada do ano anterior.
No caso do crédito consignado, o aumento também tem reflexos. Como a margem de empréstimo é calculada sobre a renda, o novo piso amplia o valor máximo que aposentados e pensionistas podem contratar, sem alterar o limite percentual permitido por lei.
Impactos para empresas e economia
Embora positivo para os trabalhadores, o reajuste do salário mínimo também traz aumento de custos para as empresas, especialmente nas micro e pequenas, que concentram boa parte dos empregados que recebem o piso.
Esses custos adicionais afetam encargos trabalhistas, folha de pagamento e recolhimentos previdenciários. No entanto, especialistas e o próprio governo argumentam que o impacto é compensado pela injeção de renda na economia, o que estimula o consumo das famílias e movimenta o comércio, gerando um ciclo de crescimento e arrecadação.
Além disso, o aumento do piso tende a melhorar o mercado consumidor em períodos de desaceleração econômica, ajudando a sustentar setores como o varejo e os serviços, que dependem fortemente do poder de compra da população.
Comparação com o salário ideal
Apesar do avanço, o valor do salário mínimo brasileiro ainda está longe do considerado ideal para atender às necessidades básicas de uma família. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o piso necessário para cobrir alimentação, moradia, transporte, saúde, educação e lazer de uma família de quatro pessoas deveria ultrapassar R$ 6.000,00.
Veja abaixo os valores de salário mínimo nos últimos anos:
Ano | Valor (R$) |
2014 | 724 |
2015 | 788 |
2016 | 880 |
2017 | 937 |
2018 | 954 |
2019 | 998 |
2020 | 1.045 |
2021 | 1.100 |
2022 | 1.212 |
2023 | 1.320 |
2024 | 1.412 |
2025 | 1.518 |
Países com os maiores salários mínimos
- Luxemburgo: R$ 15.646,78 (€ 2.703,74)
- Austrália: R$ 14.606,47 (AU$ 2.742)
- Nova Zelândia: R$ 13.883,12 (NZ$ 3.760)
- Reino Unido: R$ 13.592,18 (valor válido a partir de abril de 2025)
- Irlanda: R$ 13.073,97
- Países Baixos (Holanda): R$ 12.992,67
- Bélgica: R$ 12.609,35
- Alemanha: R$ 12.515,86 (€ 2.222)
Países com os menores salários mínimos
- Cuba: cerca de US$ 9 mensais (R$ 375)
- Bangladesh: US$ 13,67 (R$ 77,21)
- Índia: aproximadamente US$ 1,87 por dia, totalizando cerca de US$ 58 ou R$ 300 por mês
- Geórgia: US$ 23,25 (R$ 131,32)
- Quirguistão: US$ 27,54 (R$ 155,56)
- Serra Leoa: US$ 30,49 (R$ 172,22)
- Mali: US$ 57,00 (R$ 321,96)
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