Após o anúncio do Governo para a liberação do crédito consignado do Auxílio Brasil, muitos brasileiros já estão pensando o que fazer com os valores disponíveis. O Ministro da Cidadania, Ronaldo Bento, confirmou que os empréstimos começam a ser liberados em setembro, mas não deu uma data específica.

Pelo menos 17 bancos e instituições financeiras já se cadastraram junto ao Ministério da Cidadania para operar os créditos e liberar os valores. Serão disponibilizados até 40% do valor do benefício do Auxílio Brasil e BPC (Benefício de Prestação Continuada), levando em consideração o valor de R$ 400 e não os atuais R$ 600, já que a diferença está prevista até o mês de dezembro como parte do pacote de medidas da PEC dos Benefícios.

As parcelas de pagamento poderão ser feitas em até 24 vezes. O intuito do crédito é estimular a economia do país. Os valores serão descontados direto da fonte (a União deposita apenas o restante do benefício).

Situação financeira do brasileiro

Atualmente, o Brasil conta com mais de 78% das famílias endividadas e 29% com contas em atraso, segundo dados de julho do Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor).

Os dois indicadores estão em situação recorde, nível mais alto registrado nos últimos 12 anos.

Os juros do crédito consignado do benefício social segundo instituições financeiras, chegam em 79% ao ano, o que leva a quase o dobro do valor do saque.

Consignado do Auxílio Brasil será de até R$ 2.500?

Os valores máximos de liberação dependem de cada banco, não há limite na regulamentação divulgada pelo governo. No entanto, sabendo que o prazo máximo de pagamento é de até 24 parcelas e o percentual de desconto fica limitado em 40% (R$ 160), bancos não devem liberar mais do que R$ 2.500 para este público.

Fazendo uma conta rápida, caso o banco aceite fazer o parcelamento em 24 vezes, os R$ 160 pagos mensalmente totalizariam R$ 3.840,00 pagos no período de 2 anos. Isso daria um valor total de R$ 1.340,00 de juros - 53,6% no acumulado ou 2,23% ao mês.

Para quem está pensando em fazer o empréstimo consignado, mesmo sabendo que possa estar adquirindo uma dívida futura, imagina que terá uma melhora no primeiro momento, um desafogo imediato.

Alguns acreditam que, com o dinheiro, será possível reformar suas residências e pagar algumas dívidas. Porém, com o retorno do benefício para R$ 400 em janeiro, o beneficiário que decidir realizar o saque do consignado, pagará uma parcela de R$ 160 mensais, o que sobra para o sustento apenas R$ 240.

Especialistas financeiros alertam para o risco do cidadão se endividar com o empréstimo consignado do Auxílio Brasil. Para eles, a melhor opção é pensar se os valores serão úteis naquele momento e como será reposto esse dinheiro para o bolso do beneficiário, já que o objetivo do benefício é ajudar na alimentação das famílias vulneráveis.

Nota em Defesa da Integridade Econômica da População Vulnerável

Em nota, entidades jurídicas e de defesa do consumidor solicitaram o adiamento do empréstimo consignado do benefício social na última segunda-feira (15). Eles alegam que, no presente momento, a concessão do crédito consignado para beneficiários de programas de transferências de renda trará ainda mais dificuldades para essa parcela da população.

Entre os apoiadores estão o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), a Defensoria Pública do Estado de São Paulo e o Programa de Apoio ao Endividado da Faculdade de Direito da USP Ribeirão Preto.