Mais de um milhão de famílias brasileiras tiveram o pagamento do Bolsa Família bloqueado neste mês de julho de 2025. A informação foi confirmada pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) por meio do Informe nº 090, que atualizou os dados do programa neste ciclo de pagamentos.

A interrupção dos repasses atinge exatamente 1,14 milhão de famílias e ocorre em meio a uma série de ações de revisão cadastral e atualização de dados. O bloqueio tem relação direta com o novo sistema do Cadastro Único e com o aperfeiçoamento das estratégias de controle para garantir que o benefício alcance quem realmente precisa.

O pagamento de julho começou no dia 18 e segue até o próximo dia 31 de julho, com datas organizadas conforme o dígito final do Número de Identificação Social (NIS) do responsável familiar. No total, o programa beneficia neste mês aproximadamente 19,6 milhões de famílias, incluindo 185 mil novos lares que passaram a receber o benefício.

A revisão da base de beneficiários está entre as ações prioritárias do MDS, sobretudo após a implementação do novo sistema do Cadastro Único em março de 2025.

Com a integração do novo sistema ao SIBEC (Sistema de Benefícios ao Cidadão), houve uma reativação das repercussões cadastrais na folha de pagamento do Bolsa Família. Isso resultou em bloqueios para 6,09% das famílias cadastradas - cerca de 1,19 milhão de casos, sendo 1,14 milhão por bloqueio e 47 mil por suspensão.

O bloqueio está diretamente relacionado à Revisão Cadastral exigida pela Instrução Normativa Conjunta nº 1, de fevereiro de 2025, que prevê a checagem de dados como composição familiar, renda e endereço.

Já as suspensões atingem famílias que não cumpriram, por dois meses consecutivos, condicionalidades do programa, como a frequência escolar e o acompanhamento de saúde dos filhos.

Entre as principais causas de corte e bloqueio também estão a falta de atualização cadastral, a superação do limite de renda per capita (R$ 218 mensais) e a inconsistência de dados em famílias unipessoais, que têm sido um foco especial do governo devido ao aumento de fraudes nesta categoria.

Regra de Proteção

Desde junho, o programa passou a adotar uma nova Regra de Proteção, que permite a permanência de famílias com renda mensal por pessoa acima de R$ 218 até R$ 706 no Bolsa Família por até 12 meses, com base na instabilidade da renda. Essa regra tem o objetivo de evitar a exclusão imediata de famílias que conseguem pequenos avanços econômicos.

Famílias com renda estável podem permanecer por até 12 meses, enquanto as com renda instável terão prazos diferentes, definidos conforme o tipo de vínculo e renda declarada. Segundo o MDS, cerca de 618 mil famílias em julho apresentaram aumento de renda, mas permanecem no programa devido à regra. Já outras 420 mil famílias deixaram definitivamente o Bolsa Família por terem superado os limites da proteção.

Essa estratégia tem dado resultados concretos: o rendimento do trabalho entre beneficiários do programa cresceu 10,7% nos últimos meses, mais do que os 6,7% de aumento entre os 10% mais ricos, segundo a FGV Social. Além disso, dados do CAGED revelam que 75,5% das novas vagas com carteira assinada em 2024 foram ocupadas por beneficiários ou inscritos no CadÚnico.

Como saber se o benefício foi bloqueado e o que fazer

Os beneficiários que tiveram o Bolsa Família bloqueado devem verificar se há pendências no Cadastro Único. A principal recomendação é procurar o CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) mais próximo para atualizar o cadastro e apresentar a documentação de todos os membros da família.

No caso de famílias unipessoais, a atualização exige a visita obrigatória de um assistente social. A falta dessa visita impede a liberação do benefício, mesmo que os dados tenham sido corrigidos no sistema. Esse procedimento é obrigatório desde a Lei nº 15.077/2024, que entrou em vigor em janeiro deste ano.

O tempo médio de desbloqueio varia. Em casos simples, com atualização rápida e documentação correta, o pagamento pode ser retomado no mês seguinte. No entanto, para beneficiários em áreas remotas ou com situação mais complexa, o desbloqueio pode levar até 90 dias ou mais.

Onde consultar a situação do benefício

Há diversas formas de verificar o status do benefício e acompanhar o processo de desbloqueio:

  • WhatsApp Bolsa Família: (61) 4042-1552 - Atendimento humano das 7h às 19h e eletrônico 24h por dia.
  • Aplicativos oficiais: Bolsa Família, Caixa Tem e CadÚnico.
  • Portal Cidadão Caixa: https://cidadao.caixa.gov.br
  • Telefone: Disque 121 ou 0800 707 2003 (Central de Atendimento do MDS).
  • Presencialmente: No CRAS mais próximo, com documentos pessoais, comprovante de residência e o NIS.

Calendário de agosto

Apesar dos bloqueios, o calendário de pagamentos segue normalmente. Os valores médios das parcelas em Julho estão em R$ 671,52, incluindo os adicionais por criança (R$ 150) e adolescentes ou gestantes (R$ 50). No Rio Grande do Sul, devido à situação de calamidade pública, todos os beneficiários receberam no primeiro dia útil.

Agora, o próximo calendário de Agosto começa no dia 18 e terá ainda o adicional do Auxílio-Gás para 5 milhões de pessoas. Confira o calendário completo do Bolsa Família de Agosto:

  • NIS final 1 - 18 de agosto
  • NIS final 2 - 19 de agosto
  • NIS final 3 - 20 de agosto
  • NIS final 4 - 21 de agosto
  • NIS final 5 - 22 de agosto
  • NIS final 6 - 25 de agosto
  • NIS final 7 - 26 de agosto
  • NIS final 8 - 27 de agosto
  • NIS final 9 - 28 de agosto
  • NIS final 0 - 29 de agosto